O “Planeta Impossível” é um conto de Philip K. Dick, publicado pela primeira vez em 1953.
Uma mulher de 350 anos, surda e à beira da morte, pede ao capitão de uma nave interplanetária para levá-la à Terra – que, nesse universo, é considerada um mito, um lugar lendário de origem sem qualquer prova de existência.
A velha senhora é insistente, possui muitas riquezas e pouco tempo de vida.
Numa mistura de interesse comercial e piedade, o piloto realiza uma pequena pesquisa e decide levá-la ao destino mais próximo.
O capitão encontra o registro de um planeta chamado Emphor III, que possui as mesmas características da lendária “Terra”, segundo a versão mais aceita do mito: terceiro planeta de um sistema estelar de nove, com uma lua orbitando ao seu redor.
Os quatro personagens principais viajam para esse destino inóspito: o capitão, seu tripulante, a velha e o criado robótico da mulher.
Ao chegarem ao planeta, percebem que não é o que a senhora esperava; trata-se de um lugar completamente destruído.
Ao deixarem esse planeta, um dos tripulantes leva consigo um objeto que encontrou no local.
Uma pequena rodela metálica com uma inscrição: “E pluribus unum”.
Significado
O entendimento deste conto torna-se mais fácil se você é americano. A pequena rodela metálica com a inscrição em latim é uma moeda americana – uma evidência de que o planeta Emphor III seria, na verdade, a própria Terra, o “mítico planeta de origem”.
A ironia do final é simplesmente perfeita.
O “planeta impossível” é um conto de advertência que nos coloca num futuro muito distante. Tão distante que a memória de nossa origem se diluiu em meio a incontáveis conflitos bélicos, explorações ambientais, migrações forçadas e recomeços.
Existe um subtexto religioso involuntário que trata de uma condição muito humana: a nostalgia do Éden.
Lugares de origem perdidos são comuns em qualquer narrativa religiosa.
Episódio 8 – Impossible Planet (Electric Dreams, Amazon)
⭐⭐
Apesar de o episódio ter um design retrofuturista muito legal, cenas bastante bonitas e momentos emocionantes, algumas conveniências preguiçosas do roteiro e o completo esvaziamento do mistério do conto original pesaram bastante aqui.
Nesta adaptação dirigida e roteirizada por David Farr, a Terra não é mais uma lenda, mas um lugar conhecido por ter sido extinto há muito tempo. Pode parecer uma alteração pequena, mas é significativa, pois atinge diretamente o sentido original do conto.
No conto original, a Terra está tão distante e diluída na memória que se transforma em lenda – é descrita de maneira bela como um lugar de origem mito-poético. Toda a trajetória da velha senhora em querer voltar se molda num formato de nostalgia simbólica de um Éden perdido.
O impacto do plot twist no final do conto é bastante curioso e significativo, enquanto na versão da Amazon está completamente ausente.