A Écloga 8 (Ecloga VIII; Bucólica VIII), também conhecida como Pharmaceutria (‘A Feiticeira’), é um poema pastoral do poeta latino Virgílio, parte de um de seus dez livros de Éclogas.
Após uma introdução que inclui um discurso dirigido a uma pessoa não identificada, o poema desenrola-se em duas canções de amor, de igual extensão, entoadas por dois pastores, Damon e Alphesiboeus.
O narrador anônimo expressa o desejo de relatar as notáveis canções de dois cantores, Damon e Aphesiboeus, que surpreendem até mesmo vacas, linces e rios. Ele faz uma pausa (linhas 6-13) para se dirigir a alguém não identificado, imaginando essa pessoa cruzando as rochas do rio Timavus ou contornando a costa do Ilírico, pedindo-lhe que aceite a dedicatória. Em seguida, ele continua descrevendo como Damon começou sua canção ao amanhecer, apoiado em uma oliveira lisa. Até hoje não se sabe ao certo quem poderia ser essa pessoa não identificada. Alguns acreditam que seja Caio Asiio Pólio (patrono de Virgilio, mencionado nominalmente na Écloga III), enquanto outros supõem ser Júlio César Otaviano Augusto, fundador do Império Romano.
A canção de Damon (iniciando na linha 17) descreve as lamentações de um jovem sem nome, abandonado por sua amada, Nysa. Ele elogia a montanha Arcádia Maenalus e o deus Pã, que escutam as queixas dos amantes. O jovem explica que Nysa se casará com Mopsus, um casamento desigual, e aconselha Mopsus a se preparar para a união. Ele repreende Nysa por tê-lo desprezado, relembrando o momento em que se apaixonou por ela na infância, quando ela visitou o jardim de sua mãe. Agora, ele compreende a crueldade de Amor (Cupido) e Vênus, que levaram Medéia a assassinar seus próprios filhos. O jovem antevê eventos impossíveis, como lobos fugindo de ovelhas e carvalhos dando maçãs, antes de declarar sua intenção de se jogar de um penhasco no mar.
O narrador então pede às Musas que o auxiliem a recontar a canção de Alfesiboeus.
A partir da linha 64, Alphesiboeus canta a história de uma mulher sem nome, que realiza um feitiço para trazer de volta sua amado Daphnis. A mulher instrui sua empregada a adornar o altar, queimar ervas e incenso, e menciona o poder das canções, capazes de influenciar até mesmo a lua e transformar os companheiros de Ulisses em porcos. O ritual envolve fios tricolores, uma efígie e nós amarrados pela empregada. A mulher descreve como o barro endurece e a cera amolece no mesmo fogo, rezando para que seu amor por Daphnis tenha o mesmo efeito. Ela pede à empregada para espalhar farinha e queimar folhas de louro, desejando que Daphnis seja dominado pelo amor, como uma vaca por um touro. Roupas de Daphnis são enterradas na soleira da casa, e a mulher utiliza ervas mágicas de Pontus, recebidas de Moeris, um hábil mago. A empregada é instruída a jogar as cinzas em um riacho, acreditando que isso trará Daphnis de volta por meio da magia. Subitamente, as cinzas pegam fogo, interpretado como um bom presságio. A mulher considera se Daphnis está realmente retornando ou se é apenas um sonho, enquanto o cachorro Hylax late na soleira. Ela questiona se deve acreditar na volta de Daphnis ou se está apenas imaginando um sonho.
As duas canções da Écloga 8 são claramente projetadas para combinar entre si. Ambas começam e se desenvolvem da mesma forma, inclusive contendo o mesmo número de estrofes, e ambas trazem uma estrofe central vívida que descreve relacionamentos amorosos que deram errado.
O poeta descreve as experiências cotidianas dos pastores como se fossem heróis épicos mitológicos.
O tema do amor não correspondido prevalece em “As Éclogas”. Os personagens muitas vezes se esforçam em vão para conquistar o amor de outro personagem ou encontrar contentamento por meio do casamento.
Damon se envolve em insultos pessoais contra outros homens que conseguiram garantir uma parceira. Alphesiboeus tem uma visão mais ampla e pinta um retrato da cultura romana saturada de rituais sem sentido destinados a influenciar os deuses e outras pessoas para ajudar nos relacionamentos amorosos. Alphesiboeus descreve várias maneiras pelas quais as pessoas fazem oferendas de alimentos ou animais, queimam coisas para interpretar suas cinzas e realizam outros rituais destinados a atingir objetivos mágicos. Ele expressa descrença de que as pessoas realmente acreditem em tais rituais e presságios, considerando que a maioria das tentativas de namoro, amor e casamento têm resultados malsucedidos.