Posídon entre cavalos e maremotos

Posídon é conhecido na mitologia grega como deus supremo do mar, conhecido pelos romanos como Netuno.

No entanto, pouco se sabe da história de quando ele era conhecido como o deus dos cavalos e, em vários locais, particularmente na Arcádia, ele era adorado sob uma forma equídea.

Arcádia é uma região sem acesso ao mar. Uma região preservada de toda percepção de tormenta marítima que poderia ser entendida na forma de uma fúria divina. Uma região livre de inundações e onde a água é apenas lembrada em oásis de água doce para os animais.

Poderíamos até entender que havia curiosamente dois deuses com o mesmo nome.

Sob o nome Posidon, temos registros contraditórios.

Na Ilíada, Posidon é o irmão mais novo de Zeus que, no primeiro ato, protesta contra o seu abuso de poder, lembrando-lhe que seu domínio se limita ao Céu. Além disso, é mencionado que uma vez, junto com outros deuses, Posidon tramara acorrentar o irmão.

No entanto, em Hesíodo, uma tradição mais antiga, Posidon é mais velho.

Em Pilos, na época dos aqueus, Posidon tinha uma posição religiosa nitidamente superior à de Zeus – no entanto, ela foi perdida.

A animosidade, que parece ser sempre recorrente em todas as versões, pode recordar a lembrança tradicional da resistência de um antigo deus soberano contra a ascensão de um deus mais jovem e mais afortunado.

As próprias tempestades parecem ser discussões entre Posidon e Zeus, entre o Mar e o Céu, onde os navegantes precisam esperar, impotentes, a calmaria para poder seguir seu curso.

No entanto, o Posidon das Arcádias, longe do mar, parece ser mais calmo. Seu nome, que significa “esposo da Terra” (Pósis Dâs), refere-se mais um espírito masculino da fertilidade.

São vários os mitos de suas aventuras amorosas, talvez, tão caprichosas quanto as de Zeus.

Poseidon já se deitou com Medusa, com Gaia (cujo fruto é Anteu), com Deméter.

Esta última procurava Perséfone em forma de égua. Poseidon, na forma de garanhão, não pensou duas vezes em possuí-la e dessa união, nasceram uma filha e o corcel Aríon que, na pintura de William Adolphe, aparece montado em um cavalo-marinho – uma referência ao equino, ao seu pai e uma longínqua lembrança do mar.

Tanto a lembrança do mar quanto da fecundidade arcadiana pode estar relacionada à chegada dos primeríssimos soberanos e fecundadores indo-europeus, que “vieram do mar” e se tornaram “senhores da terra” – esposos da terra (pósis dâs, posídon).

À medida que se afastavam do centro da Arcádia e se aproximavam do mar, Posídon e seus filhos se tornavam mais tempestuosos e a feição de Pósidon mais reconhecível com o que ele é popularmente relacionado.

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O podcast é apresentado por Gabriel Vince. Já foi estudante de filosofia, história, programação e jornalismo. Católico, latino e fã de Iron Maiden. Não dá pra ser mais aleatório que isso.

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