Após derrotar Tifão, filho de Gaia e Tártaro, Zeus realiza um sorteio para determinar o domínio das três zonas cósmicas: o oceano é entregue a Posídon, o mundo subterrâneo a Hades, Zeus ficaria com o céu, enquanto a Terra e o Olimpo seriam compartilhados entre os três.

Percebam que não existe em Zeus uma deliberação autoritária nessa partição. Ele, apesar de soberano, respeita a própria diligência da sorte e do destino, se colocando à disposição do sorteio. Isso tornou-o um “deus justo”.

Na mitologia grega, Zeus também encerra o ciclo de sucessões – ou seja, diferentemente de Urano e Cronos, ele não seria um “deus substituído” por algum sucessor – sua soberania estaria garantia.

Um dos fatores que contribuem para sua estabilidade é sua associação com Métis, deusa da saúde, proteção, astúcia, virtudes e, especialmente, prudência.

Métis, a deusa da sabedoria, astúcia e prudência, era uma das filhas de Oceano e Tétis. Sua inteligência e habilidades eram amplamente admiradas, e ela era considerada uma das mais sábias entre as divindades. Zeus, atraído por sua sabedoria, decidiu se casar com ela, ciente de que a união com Métis poderia gerar filhos extraordinários.

No entanto, uma profecia dizia que o filho que Métis teria seria mais poderoso do que seu pai. Temendo que essa criança pudesse desafiá-lo, Zeus, em um ato de cautela e estratégia, tomou uma decisão drástica. Para evitar o nascimento de um potencial rival, Zeus engoliu Métis enquanto ela estava grávida. Isso não só impediu o nascimento da criança, mas também permitiu que a sabedoria de Métis, especialmente a prudência, se tornasse parte da essência de Zeus.

O triunfo de Zeus se solidifica especialmente nessa virtude que, até mesmo historicamente, se reflete na prudente integração (e não na eliminação) dos cultos arcaicos rivais.

Ou seja, em Zeus, apesar de seu componente olímpico de poder, também se torna uma expressão de astúcia sincrética que lhe permite manter uma boa e não conflituosa relação no imaginário das pessoas.

Essa sincronia entre os cultos arcaicos e a nova ordem divina representada por Zeus reforçou sua posição como líder dos deuses e dos homens e permitiu que ele fosse visto como uma figura de estabilidade e proteção. Ao respeitar e integrar tradições antigas, Zeus conquistou a confiança dos mortais, que viam nele um mediador não apenas entre o sagrado e o cotidiano, mas entre o passado e o presente.

Zeus, unia força, prudência, justiça e astúcia e, por conta disso, sua soberania é sinônimos de relevância e durabilidade.

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O podcast é apresentado por Gabriel Vince. Já foi estudante de filosofia, história, programação e jornalismo. Católico, latino e fã de Iron Maiden. Não dá pra ser mais aleatório que isso.

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