A Écloga V é um poema pastoral do poeta latino Virgílio, um dos dez poemas de sua coleção conhecida como Éclogas, que estamos analisando aqui na Taverna do Lugar Nenhum.
Em sua forma, esta é uma expansão da primeira Écloga do Idílio de Teócrito, que apresenta uma canção sobre a morte do pastor semidivino Daphnis.
Na primeira metade do poema de Virgílio, o pastor de cabras Mopsus canta uma canção lamentando a morte de Daphnis (sendo chorada pelas ninfas, sua mãe e seu gado); na segunda metade, seu amigo Menalcas canta uma canção de igual duração contando sobre as boas-vindas de Daphnis entre os deuses e os ritos pagãos dedicados a ele como uma divindade.
O poema às vezes foi considerado como alegórico, celebrando a apoteose e “deificação” de Júlio César, confirmada por um ato solene aprovado em 42 a.C. No entanto, muitos críticos modernos apontaram que vários elementos da descrição não se ajustam bem à vida e ao caráter de César.
Eu tendo a concordar. A deificação de figuras públicas não parece ser a preocupação de Virgílio, que, como bom poeta, se assemelha mais a um sacerdote, teólogo ou profeta do que a um propagandista político.
Nesta Écloga, Virgílio recria a dinâmica de disputa e complementaridade para representar um painel cosmológico.
Isso é típico de Virgílio e, inclusive, característico do personagem Menalca, que já apareceu em sua terceira Écloga fazendo a mesma coisa.
Mopsus e Menalca aqui se tornam personagens figurativos que se organizam em uma relação cosmológica de oposição e completude. Enquanto Mopsus canta sobre a morte de Daphnis, Menalca canta sobre sua deificação pós-morte. A Écloga V, nesse caso, além de ser uma expansão da primeira Écloga do Idílio de Teócrito, seria também uma expansão de sua terceira Écloga.