Quase tudo o que vulgarmente conhecemos da teoria do Big Bang, o modelo cosmológico padrão da ciência, é metafórico.
Quando o modelo foi proposto, havia a ideia de um “ponto central” no qual, através de “uma explosão”, o espaço-tempo se criava e se expandia.
No entanto, existe uma diferença entre o modelo representativo (diria, o elemento “metafórico” da teoria) e o cerne da própria teoria em si, que está no conceito derivado da observação do espaço, do seu comportamento em momentos diferentes e dos cálculos que confirmam a teoria e a ciência dela derivada.
Como bem diz Roger Penrose, a questão do Big Bang é que não houve “centro” (pois não havia espaço) e nem houve “explosão”. O espaço e o tempo se criavam na mesma medida em que se expandiam (essa expansão é entendida como “explosão”), quase como se fosse um recurso infinitamente recursivo e deslocante.
Basicamente, a teoria do Big Bang é uma teoria sobre entropia, na qual se entende que o universo era menor e mais concentrado, e vem se tornando maior e mais disperso. Elementos dispersos tendem a ser mais caóticos, desorganizados e complexos.
Quem não é do ramo da matemática pura tem a dificuldade de tentar abstrair os conceitos físicos sem qualquer gancho na realidade. Agora, na progressão mais pura e avançada da matemática, a dificuldade reside em tentar abstrair até mesmo a imaginação gráfica de qualquer modelo, mesmo as reduções geométricas mais simples.
Pensar em pontos, linhas, retas, curvas – isso, no começo, pode ajudar, mas, em determinado ponto, só atrapalha.
O grande paradoxo é ver que a própria ciência, à medida que se aprofunda, se dispersa e se dissolve em abstrações puras – quase como se também fosse sujeita aos processos de entropia que ela mesma criou.