Guinea Pig: Sereia em um Bueiro é o quarto filme da série Guinea Pig, dirigido em 1988 por Hideshi Hino, baseado em seu próprio mangá de terror.

A história se passa em Okinawa, uma região mais pobre e úmida do Japão, e segue um pintor que aparentemente se divorciou e vive a maior parte do tempo recluso, dedicando-se às suas pinturas e gerando desconfiança entre os vizinhos.

Esse pintor tem algumas manias estranhas, além do isolamento. Ele costuma visitar os bueiros da cidade, especialmente um em particular.

Neste bueiro, ele pinta e revive suas memórias de infância.

Em uma de suas visitas ao bueiro, ele encontra uma sereia, a mesma que havia encontrado quando criança.

Ele começa, então, a pintá-la, mas logo percebe que ela tem furúnculos crescendo em seu corpo. Preocupado com a condição da criatura e com o ambiente insalubre onde ela se encontra, ele se oferece para ajudá-la e a leva para casa, com a intenção de cuidar dela e terminar sua pintura.

A insistência em concluir o quadro é reforçada tanto pelo pintor quanto pela sereia, sugerindo um possível comentário poético ou metafórico, ou, talvez, a criação de uma obsessão – um retrato de um homem que perdeu tudo e agora vive apenas pela arte.

A sereia, então, passa a ficar deitada na banheira do pintor, enquanto ele tenta cuidar dela, oferecendo remédios e comida.

No entanto, a doença piora e, eventualmente, ela começa a sofrer os sintomas de uma infestação horrível, com vermes de diversos tamanhos saindo dos furúnculos em seu corpo.

Aqui, o grotesco não é apenas voyeurístico, mas quase pornográfico, com detalhes explícitos de todo o processo de desintegração da criatura, com sangue, pus e vermes.

Inicialmente, queremos que o protagonista salve a sereia, mas, à medida que seu sofrimento se intensifica, começamos a desejar sua morte, já que sua dor se torna tão extrema quanto sua deformação, e a morte parece um alívio.

À beira da morte, enfim, a sereia implora para que o artista a mate, e ele cede, esfaqueando-a até a morte e desmembrando seu corpo.

Mais tarde, dois vizinhos do artista, intrigados com o que ele estava fazendo após um deles encontrar uma cabeça de peixe no lixo, decidem investigar. No entanto, eles fogem depois de se depararem com o artista segurando os pedaços da sereia e cantando apaticamente sobre sua morte.

Quando a polícia assume o controle da cena e começa a investigar, descobre-se que, em vez de um corpo desmembrado de sereia, o que está diante deles é o de uma mulher humana.

Os vizinhos são entrevistados, e todos começam a suspeitar que o artista tenha matado sua esposa, de quem ele se divorciou. A investigação considera essa hipótese verdadeira: alucinando, o artista esquizofrênico havia assassinado sua esposa, que sofria de câncer de estômago. Agora preso, o artista se encontra murmurando maniacamente para si mesmo, afirmando que tinha certeza de que havia matado a sereia.

No entanto, apesar de todas as evidências, e quando tudo parece ter sido revelado, uma escama é encontrada na banheira da casa do artista, pertencente a uma espécie de peixe não identificada.

Sereia em um Bueiro é significativamente mais pungente, trágico e interessante do que os outros filmes da série, sendo considerado por muitos (inclusive por mim) o melhor da franquia.

O filme é estilisticamente impecável, uma verdadeira obra-prima do body horror.

É o mais belo e, ao mesmo tempo, o mais repulsivo e intrigante da série, com inteligentes sugestões de reviravoltas que culminam em um engenhoso final aberto.

Definitivamente, é um dos melhores filmes não apenas da série, mas do gênero.

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