Um jovem assalariado, que tem que lidar diariamente com um chefe abusivo e com sua namorada que o trocou por um colega de trabalho, se isola em seu quarto. Talvez essa história seja bastante comum no Japão. O que não é comum é o que se segue. Em meio ao desespero e ao tédio, ele tenta suicídio, cortando os próprios pulsos – no entanto, percebe que, apesar dos cortes profundos, ele não apenas é incapaz de sentir dor – mas é incapaz de morrer.
Diante desse absurdo, o jovem fica louco e começa a se mutilar de diversas formas, até que tem a ideia de assombrar seu colega: se cortando na frente dele, jogando seus próprios órgãos no sujeito.
Essa sequência, dirigida por Masayuki Hisamoto, foi gravada em 1986, mas apenas lançada em 1992.
É o primeiro filme da série que tem uma estranha pegada de humor, diferente dos dois primeiros em que havia o horror de aflição puro e uma experiência pura do grotesco.
Não quero aqui pilhar significados e achar mensagens onde não existem, mas achei curioso que o nome do personagem principal seja Hideshi, que é o mesmo co-autor das histórias de Guinea Pig. Talvez seja uma espécie de comentário biográfico, ou algo parecido.
A cena em que Hideshi exibe seus cortes para o seu colega, assustado, parece funcionar como uma metáfora do autor mostrando sua própria obra para pessoas incrédulas e enojadas.
De qualquer forma, esse filme deixa claro o quanto os envolvidos se divertiram no processo — reforçando certa leveza e despretensiosidade no assunto mais mórbido possível.