Julgar este filme será muito difícil para mim, pois tenho uma tendência a gostar de filmes com ideias excêntricas. Sou o tipo de pessoa que passa pano para falhas e incongruências se a obra mergulhar fundo na estranheza.
Esse é o caso do quinto filme da série Guinea Pig, intitulado Androide de Notre Dame.
No filme, um brilhante cientista anão tenta encontrar uma maneira de preservar a mente de sua irmã após sua morte. Para isso, utiliza pessoas como cobaias em experimentos bizarros que consistem em reanimar a consciência e a sensibilidade das vítimas por meio de artifícios tecnológicos, conectando partes do corpo e o cérebro a um computador. No entanto, ao voltar ao estado de consciência, as cobaias enfrentam uma agonia infernal.
Os efeitos práticos do filme, assim como nos outros da série, são impressionantes.
Este é o único filme da série com foco em ficção científica e, ao lado do terceiro filme, Ele Nunca Morre, é um dos mais bizarros e esquisitos.
O filme é estranho não apenas na história, mas também na forma como é contada: confusa, inverossímil e inexplicavelmente magnética (pelo menos para mim). Aliás, é quase impossível entender a trama. São ideias soltas e mal conectadas que, muitas vezes, não fazem sentido algum — elas parecem quase uma desculpa para criar cenas de dissecação em estilo cyberpunk dentro de um contexto bizarro.
A trilha sonora também é peculiar (quase cômica), parecendo não combinar em nada com a atmosfera do filme, sem contar as atuações canhestras de todos os personagens. No entanto, como mencionei no início, essas falhas, para mim, acentuam a estranheza do filme, o que soa como pontos positivos.
Também acho interessante a coragem de mudar o tom e arriscar algo novo dentro da série.
Acredito que cada filme da série tem um papel específico: o primeiro, Experimento do Diabo, nos choca; o segundo, Flor de Carne e Osso, nos causa aflição; o terceiro, Ele Nunca Morre, nos faz rir; o quarto, Sereia em um Bueiro, nos causa nojo. Androide de Notre Dame tem a função de nos confundir.