Demons and Wizards, o quarto álbum do Uriah Heep, lançado em 1972, consolidou a banda como uma referência no heavy metal. Embora não seja um disco estritamente de heavy metal, é impressionante o respeito que ele conquistou na formação do estilo.

Este álbum é um dos favoritos de Randy Rhoads, que afirmou ter se inspirado em muitas de suas ideias em Diary of a Madman, de Ozzy Osbourne.

No entanto, não é o mais pesado da banda. É interessante notar que os melhores músicos do gênero não têm tanta obsessão pela “rispidez” — não havia essa necessidade distintiva no heavy metal, nem a urgência de se definir rigidamente nesses termos.

Acredito que discos posteriores, como The Magician’s Birthday, e anteriores, como Look at Yourself, se aproximam mais do heavy metal do que este, que traz uma atmosfera mais “esotérica”, ancorada no rock progressivo e no rock psicodélico.

Creio que esse disco influenciou o heavy metal em seu aspecto mais melódico, inspirado em músicas de corte medievais, canções de taverna e composições palacianas.

Adoro essa abordagem, e o heavy metal sempre flertou com esse tipo de sonoridade: Rainbow, Malmsteen, Scorpions, Accept, entre outras — sem mencionar que essa estética é endêmica no rock progressivo.

Por falar nisso, as harmonias vocais, os ricos arranjos acústicos e o intenso uso de teclados permeiam praticamente todo o álbum, assim como permeiam os discos de bandas como Genesis e Yes.

A arte da capa, criada por Roger Dean, famoso por seus trabalhos com o Yes, reflete perfeitamente a “paisagem mística” do disco e o lugar que ele ocupa.

Nos anos 70, a música pesada se confundia mais livremente, a ponto de hard rock, heavy metal e rock progressivo serem estilos correlatos. Havia muito mais relação entre heavy metal e rock progressivo do que entre heavy metal e punk, algo que mudou nos anos 80 com o surgimento dos estilos mais extremos.

Demons and Wizards, um disco que transita entre o hard rock, o prog, o metal e o folk, parece mais uma síntese atmosférica e melódica de bandas como The Who, Blue Öyster Cult, Deep Purple, Led Zeppelin e Cream.

O trabalho acústico, combinado com os vocais agudos e harmonizados, imprime uma leveza e uma fragilidade “pagã” e “pastoril”, típicas do folk, que contrastam com o órgão Hammond, conferindo uma expressividade mística mais severa e “cristã”, características do gospel.

Em suma, Demons and Wizards é um discasso.

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