Cyber City Oedo 808 é uma mini-série japonesa de animação cyberpunk lançada em 1990, criada pelo estúdio Madhouse e dirigida por Yoshiaki Kawajiri.

Ambientada no ano de 2808 na cidade de Oedo, a história segue três criminosos (Sengoku, Gogl e Benten) alistados para combater o crime em troca da redução de suas sentenças.

Para isso, a unidade de Polícia Cibernética reintroduziu a prática de hōmen.

O conceito de hōmen (放免) tem raízes na tradição feudal japonesa. Literalmente, a palavra pode ser traduzida como “liberação” ou “perdão”. Historicamente, refere-se à prática em que criminosos ou pessoas com antecedentes criminais eram liberados em troca de serviços públicos ou colaboração com as autoridades.

No universo de Cyber City Oedo 808, essa prática é reimaginada como uma forma de utilizar criminosos como agentes da lei. A ideia é que esses indivíduos, com experiência no submundo, possam oferecer uma perspectiva mais eficaz na luta contra atividades ilegais.

Embora não seja o foco da mini-série, claramente voltada para o entretenimento, esse conceito levanta questões sobre moralidade, justiça e reabilitação, explorando o que significa ser “perdoado” e se pessoas com um passado criminoso podem realmente mudar.

O fato de os heróis serem bandidos poderia até permitir uma certa flexibilidade moral, desafiando as noções tradicionais de certo e errado.

No entanto, isso não ocorre na série; embora os protagonistas sejam “anti-heróis”, os papéis de protagonismo e antagonismo permanecem fixos em seus costumes.

Ainda assim, a mini-série cria uma dinâmica intrigante em que os protagonistas, na verdade, são criminosos perseguindo outros criminosos a mando de um sistema tirânico e antiético.

Além disso, os desafios que enfrentam são gamificados, refletindo a natureza quase sádica de suas missões, que se assemelham a freak shows televisivos, servindo como entretenimento para certos poderosos.

Ao cumprirem suas missões, cada criminoso recebe uma redução em sua pena.

Eles respondem ao chefe de polícia Juso Hasegawa, que os mantém sob controle com coleiras explosivas ao redor do pescoço. Hasegawa pode detonar as coleiras remotamente, e elas também explodem caso os criminosos não cumpram suas missões dentro do prazo estabelecido.

Embora não haja muitos detalhes sobre o tipo de sociedade em que a série se baseia, ela é apresentada como uma distopia tecnológica futurista com uma retroprojeção social medieval.

Essa combinação de alta tecnologia e práticas feudais antigas é interessante e, pelo que me lembro, pouco explorada nas obras de cyberpunk.

Em resumo, Cyber City Oedo, práticas futuristas e antiquadas de controle se mesclam, criando um intrigante quadro de especulação distópica.

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