“A penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade. Em seu coração está o arrependimento; em sua boca, a acusação; em suas obras, plena humildade e proveitosa satisfação” (São João Crisóstomo).
A sexta e última temporada de Better Call Saul fecha o circuito de crimes de Jimmy McGill e abre outro de confissões e penitências.
Nos últimos episódiso da última temporada, Jimmy McGill assume seus pecados e vai ao encontro do seu adequado e devido castigo.
A penitência que Jimmy impôs a si mesmo no último episódio, sem perder o bom humor que lhe é típico, é a melhor tradução do disse São João Cisóstomo: algo que imunda o penitente de “proveitosa satisfação”.
Essa “proveitosa satisfação” que Jimmy McGill experiencia não tem a ver com conforto, não tem a ver com o “se dar bem”, mas a pura satisfação de fazer o que deveria ser feito.
No fim, temos a história de uma redenção cristã. Sim, aquela redenção que até hoje escandaliza e deixa o mundo perplexo. A redenção que sinaliza a estranha economia da salvação, pois é uma redenção que não quantificando os crimes – mas qualificando a disposição do penitente para pagar por eles.
No final, durmam com essa: Jimmy McGill é um bom homem, um “Goodman”. Como bem diria G.K. Chesterton, nenhum homem é, de fato, bom, enquanto não souber quão mal ele é, ou poderia ser.