As temporadas anteriores serviram para consolidar e aprofundar os dilemas dos personagens – especialmente de Jimmy.
O senso de honestidade de Jimmy foi ficando gradativamente mais anêmico e finalmente morre no último episódio da quarta temporada.
Podemos considerar as quatro primeiras temporadas de Better Call Saul como uma “grande primeira temporada” e a quinta como a “verdadeira segunda temporada” pois aqui a história caminha para algum lugar.
As quatro primeiras temporadas mostraram “a causa”, a quinta mostra “a consequência” do caminho escolhido pelo personagem principal.
Jimmy, agora “amigo do cartel”, está preso e envolvido no tentacular negócio do narcotráfico. Uma rede complexa que envolve grandes esquemas de logística, empresas de fachada, bocas e delegacias corruptas.
Um mundo que exige uma compulsória e inescapável “troca de favores”.
Para Jimmy, acabou o prazo de validade para avaliar riscos ou reaver uma consciência moral. A única forma de sair disso é morrendo.
A situação só piora quando vemos que Jimmy forçosamente arrasta Kim para o mesmo abismo e ela, fatigada da segurança e da retidão das caretas normas do império da lei e da civilidade, apaixonada pela adrenalina (que era visivelmente reprimida nas temporadas anteriores) e, também, apaixonada por Jimmy, resolve assumir de vez seu papel de cúmplice – uma espécie de romantismo Bonnie e Clyde.
Não há mais em Jimmy aquele sorriso ladino. Ele está apavorado (aliás, que bela atuação de Bob Odenkirk). Seu encontro mais brutal com o núcleo do narcotráfico foi no meio de um tiroteio – nada poderia ser mais traumático. Extremamente mais tenso que sua experiência no deserto com Tuco.
Ao arrastar Kim para esse mundo, sua tensão aumenta pois suas escolhas perigam, como ele bem sabe, de trazer grande risco para a única pessoa que, aparentemente, ele conseguiu amar (fora Chuck, embora alguns vão achar controverso).
Enfim. A quinta temporada retoma a qualidade da primeira. Excelente.