HKE (também conhecido como Hong Kong Express) é um produtor musical multifacetado, com mais de 60 pseudônimos, e um dos cocriadores do gênero “dreampunk”. Ele é também o fundador do selo experimental Dream Catalogue, que se destaca por uma abordagem conceitual da música eletrônica como paisagem sonora.
A obra de HKE abrange desde a música ambiente expansiva até o minimalismo recluso.
Sua música é normalmente caracterizada por uma fusão de elementos de garage e dubstep, batidas quebradas e melodias melancólicas, texturas etéreas com um uso atmosférico de samples, criando paisagens sonoras ao mesmo tempo distantes e imersivas. Os elementos ocasionais de glitch sugerem uma assinatura sintética típica da cultura cyberpunk.
HKE teve um papel crucial na evolução do post-vaporwave, indo além da estética digital por meio da reutilização de samples de músicas dos anos 80 e 90 e se orientando na conformidade melancólica do capitalismo oriental e no mundo interior.
Após anos de experimentação e colaboração com artistas de mentalidade semelhante, HKE viveu uma fase conhecida como “Era do Caos”, onde a Dream Catalogue se consolidou como o epicentro do dreampunk. Essa fase foi marcada por uma proliferação de novas sonoridades e uma busca constante por inovação. As raízes de HKE no surrealismo, no cyberpunk, na filosofia oriental e na urbanização moldaram sua música e contribuíram para a estética do dreampunk, que reflete a complexidade da experiência humana contemporânea.
A questão da identidade é central na obra de HKE. A diluição de seu nome em inúmeros pseudônimos pode ser interpretada à luz da filosofia oriental, que valoriza a impermanência e a transformação do eu. Essa multiplicidade permite um descolamento criativo do ego.
HKE definindo o dreampunk também redefiniu em si as noções tradicionais de identidade artística. Sua capacidade de explorar múltiplos sons e mútliplas identidades se destaca como um testemunho da multivalência da música eletrônica.