Hernán Cortés, o conquistador espanhol, ficou profundamente impressionado com a qualidade das lanças astecas. Após derrotar seus inimigos, Cortés perguntou aos líderes astecas, que haviam sido feitos prisioneiros, de onde obtinham suas facas. Eles apontaram para o céu.
Embora estejamos lidando com um contexto de guerra e extermínio, esse breve diálogo é, para mim, uma das coisas mais belas já documentadas.
Entre homens de civilizações complexas e distintas, há pelo menos uma percepção em comum: a ideia de que a bênção vem do céu.
Uma das descobertas mais interessantes da geologia moderna é que, na maior parte de nossa história, todo o nosso ferro não era terrestre, mas sim meteórico.
Antes da mineralogia, egípcios, americanos, hititas, africanos e europeus esperavam do céu a matéria-prima para fabricar seus objetos culturais, ferramentas e armas.
A “deificação do céu” pode ser, em parte, explicada pela ideia do “céu provedor”, enviando água para nossas plantações e monólitos para nossos objetos de uso cotidiano e cerimonial.
A humanidade só passou a celebrar a sacralidade telúrica quando descobriu que os metais também cresciam no interior da Terra, em uma gestação geológica, ao explorar mais atentamente as cavernas e as minas.
Nossa tradicional noção de masculino e feminino também se origina (ou se reforça) dentro desse contexto cósmico.
Na China antiga, Yu o Grande, o fundidor primordial, fazia a distinção sexual entre os ferros: o ferro celeste era entendido como “ferro masculino” e o ferro telúrico era entendido como “ferro feminino”.
Pelo mesmo motivo, na África, o trabalho de fundição era associado ao ato sexual.