Muitos pontos de vista diferentes já foram expressos em relação à importância do cérebro para o fenômeno da consciência. Existe uma notável falta de consenso sobre esse assunto, cuja relevância é óbvia.
Para aqueles que associam diretamente o fenômeno da consciência ao cérebro, discute-se se ela está relacionada à atividade do telencéfalo, do cerebelo ou da medula espinhal, ou se seria uma atividade compartilhada entre esses três elementos. Alguns sugerem, ainda, que o hipocampo, crucial para a fixação de memórias de longo prazo, poderia ser o receptáculo da consciência. Ou talvez a consciência nem exista, sendo o fenômeno da consciência uma má interpretação da fixação de memórias permanentes no hipocampo.
Partes da filosofia e da psicologia tentam atribuir à linguagem humana o fenômeno da consciência. Existem aqueles que afirmam que a consciência existe desde sempre e que a linguagem apenas a refina ao longo do tempo.
De qualquer forma, todos aqueles que estudam o cérebro e se dedicam ao fenômeno da consciência, mesmo os que possuem uma visão mais materialista, concordam que a natureza da consciência humana, caso ela exista, não é algorítmica.
A ideia de que uma máquina poderia alcançar a consciência geralmente vem de especialistas da área de tecnologia, e não das áreas dedicadas ao estudo do cérebro. Roger Penrose, em seu livro The Emperor’s New Mind, tenta desmentir o mito propagado pelos defensores da Inteligência Artificial forte de que a consciência pode ser reduzida a atividades computacionais.
Mesmo para aqueles que vinculam o fenômeno da consciência exclusivamente ao cérebro (o hardware), a questão é extremamente complexa e ainda não resolvida, especialmente à luz dos experimentos sobre o cérebro dividido.
Roger Penrose, que não afirma ter uma opinião definitiva sobre o fenômeno da consciência (o que é prudente para um cientista), observa que, ao ver os dois hemisférios do cérebro se comportando de forma quase independente, surge a questão: haveria dois indivíduos conscientes separados habitando o mesmo corpo? O que explicaria o fenômeno das pessoas que, após danos cerebrais, se transformaram em “outras pessoas”?
Há os que interpretam que o indivíduo consciente seria aquele que delibera sobre essas suas “consciências menores” e que ele seria uma espécie de “denominador comum” entre elas.
Por muito tempo, acreditou-se que apenas o lado esquerdo do cérebro representava o indivíduo consciente, enquanto o lado direito seria um autômato. Esse ponto de vista era defendido por aqueles que acreditavam que a linguagem (processada principalmente no lado esquerdo do cérebro) era um ingrediente essencial da consciência. No entanto, essa teoria foi refutada quando Donald Wilson e seus colaboradores examinaram o cérebro dividido e descobriram que, embora apenas o lado esquerdo falasse, ambos os hemisférios podiam compreender a fala. Mais ainda, na ausência do lado esquerdo, o lado direito era capaz de aprender a falar normalmente.
Embora isso possa parecer estranho, a diferença entre os dois hemisférios não era, portanto, a capacidade de falar ou de apreender informações, mas a personalidade. Os dois lados do cérebro seriam conscientes de maneiras distintas ou seriam receptáculos de uma consciência que, por sua natureza, é bifurcada.
De qualquer forma, fica claro que a “sede da consciência” é ainda bastante incerta e talvez distribuída de uma maneira absolutamente complexa, se é que ela está de fato localizada no cérebro.
Aliás, o próprio mapeamento do cérebro é complexo, e estamos ainda longe de entender plenamente todas as suas partes e as múltiplas relações entre elas.