Terceiro álbum solo de Bruce Dickinson, lançado em 1995, “acusado” de ter uma vibe grunge.

Muitos dos que torceram o nariz para ele só o fizeram por causa de uma enorme quebra de expectativas, que na época deve ter sido tão surpreendente quanto ouvir o X-Factor do Iron Maiden pela primeira vez, lançado mais ou menos na mesma época.

Aquele ditado “a primeira impressão é a que fica” nunca foi tão mentiroso em ambos os casos.

Existem discos que só se provam com o tempo. No caso do Iron Maiden, isso aconteceu pelo menos duas vezes: a primeira com o Somewhere in Time (que, para mim, é o melhor disco da banda) e outra com o já mencionado X-Factor.

Na carreira solo de Bruce, o Skunkworks desempenha esse papel. Vejo cada vez mais pessoas revisitando e elogiando o disco.

Confesso que já considerei este álbum o “patinho feio” da carreira de Bruce. Hoje em dia, posso dizer que ele envelheceu bem e tenho muito mais vontade de revisitá-lo do que discos como Tattoed Millionarie, Balls to Picasso e até mesmo Tyranny of Souls.

Identifiquei 4 motivos para isso:

Primeiro: o álbum apresenta uma das performances vocais mais poderosas de Bruce, que alterna belos vocais melodiosos com rasgos agressivos. Basta ouvir faixas como I Will Not Accept the Truth e Solar Confinement para confirmar o que digo aqui.

Segundo: apesar de não ser um álbum onde brilham sessões instrumentais, podemos dizer que ele possui um respeitável catálogo de riffs: Faith, Innerspace, Back from the Edge e Headswitch têm ótimos momentos.

Terceiro: a indefinição estilística entre o Heavy Metal Alternativo e o Grunge criou algo que podemos considerar único. O álbum soa um pouco como Soundgarden, um pouco como Rush, mas o mais curioso é que não lembra absolutamente nada o Iron Maiden.

Bruce Dickinson, mesmo com sua voz característica, conseguiu imprimir tanta identidade neste álbum que parece que estamos ouvindo algo de um universo paralelo. Que tipo de música em toda a história da carreira de Bruce, considerando todas as suas bandas anteriores, poderia ser minimamente semelhante a Strangers Death in Paradise e Dreamstate?

Quarto: a versão estendida do álbum possui algumas ótimas músicas extras como Rescue Day, God’s Not Coming Back e Armchair Hero, além de versões ao vivo interessantes de Inertia, Faith, Innerspace e uma versão magnetizantemente crua de The Prisoner (do Iron Maiden).

O álbum é tão “fora da curva” que nem mesmo parece querer se encaixar na já “ecletica” carreira solo de Bruce. Parece outra banda, aliás, era para ser outra banda mesmo. Skunkworks seria, na verdade, o nome da banda – mas a gravadora resolveu intervir porque o nome “Bruce Dickinson” vendia mais.

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