Apesar de não ter mais o fator “novidade” da primeira temporada, Sopranos continua sendo uma vitrine de um bom roteiro, uma direção inventiva e um brilhante desenvolvimento de personagens de múltiplas camadas.

Philip Etemesi da Screenrant e Josh Mills da Whatculture consideram a segunda temporada a melhor da série, se focando muito na entrada de Richie Aprile como um dos grandes antagonistas (sendo comparado com o personagem Tommy DeVit de Goodfellas do Scorsese) e também fazendo muitos elogios ao arco de Sal “Big Pussy” Bompesiero, que se revela um agente infiltrado do FBI e é executado pelo Tony e seus amigos (opa, spoiler).

Existem “segundas temporadas” que são meros prolongamentos e decorrências da primeira, e outras que desenvolvem a história, levando ela para lugares ainda inexplorados.

O interessante da segunda temporada  de Sopranos é que podemos dizer que ela não se propôs a nada. O crítico Colin Hart, que amou a segunda temporada, diz que ela pode ser batizada de temporada “Nothing Happens” (nada acontece).

Para ele, esse é o grande mérito da segunda temporada de Sopranos: ser uma temporada um pouco mais leve, descontraída e solta como um despretensioso (mas muito bem escrito) sitcom.

Eu concordo em partes com os efusivos elogios, mas ainda acho ela significativamente menor que a primeira.

Os arcos do personagem e os tropos temáticos permanecem bons e consistentes. O único problema é que a abordagem de “coleção de contos” levou a série a arcos de história um pouco mais iconstantes – não lembro de ter notado inconstâncias na primeira temporada.

Não raro, uma ideia é desenvolvida em um episódio é esquecida na outro. No episódio “From Where to Eternity”, por exemplo, há uma curiosa experiência mística de um dos personagens, Christopher Moltisanti (Michael Imperioli), que tem uma e morte clínica de 1 minuto depois de ser baleado e acorda tendo visões de si inferno. Nos episódios posteriores essa idéia (que achei muito interessante) vai sendo abandonada até se tornar totalmente esquecida.

Talvez isso fosse um “mal” da época, onde as séries eram vistas com o hiato de 1 semana e não havia esse conceito “netflixo” de “maratonar”. Isso dava tempo de testar a reação do público diante de uma idéia nova, ver se eles acatam e ir fazendo ajustes.

O fato é que a segunda temporada de Sopranos, embora seja tributária do impulso carismático de ótimos personagens que nasceram e se desenvolveram na primeira temporada, consegue imprimir força e personalidade própria.

 

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