Na Suíça, ainda existem os Tschäggättä, figuras que percorrem as ruas de Lötschental com peles de animais e máscaras de madeira escuras, esculpidas à mão e enegrecidas pela fumaça das lareiras e chaminés.
O significado dessa tradição parece ter-se perdido no tempo e fragmentado em diferentes explicações.
Há quem associe essas figuras ao retorno simbólico dos mortos entre os vivos ou a rituais para afastar espíritos malignos. Outros afirmam que se trata apenas de uma brincadeira folclórica, sem grandes significados religiosos.
Anualmente, um concurso elege o melhor escultor de máscaras, celebrando a habilidade dos artesãos locais.
Esta tradição chegou a ser proibida no contexto das reformas sancionadas pelo governo do Valais no século XVI, que restringiam os costumes locais, buscavam eliminar resquícios pagãos e promover uma identidade protestante unificada.
Com a proibição, as manifestações deslocaram-se para regiões mais católicas da Suíça, como o trajeto entre Blatten e Ferden, onde eram melhor toleradas – desde que integradas a um folclore cristianizado.
Os Tschäggättä tornaram-se parte de uma tradição carnavalesca, percorrendo as ruas entre a Epifania e a Quarta-feira de Cinzas, marcando a transição para a Quaresma e simbolizando o adeus aos excessos antes do período de penitência. Começaram como jogral público de origens pagãs e terminaram como demarcador festivo do calendário litúrgico.