Visible Secret é um filme de terror sobrenatural de Hong Kong, lançado em 2001 e dirigido por Ann Hui, uma das principais expoentes da Nova Onda de Hong Kong.

Não vou me alongar muito na sinopse, pois corri o risco de, acidentalmente, revelar mais do que deveria.

No entanto, posso adiantar que, para quem ainda não viu ou não leu sobre o enredo, o filme gira em torno de fantasmas, sensitivismo e amor.

Acho que poucas ideias são tão interessantes visualmente quanto ambientar um filme de fantasmas em uma cidade como Hong Kong. Sua peculiar decadência urbana, ao mesmo tempo fotogênica, transmite uma sensação inebriante de sonho e pesadelo.

Meu Deus, que cidade incrível e que cenário apropriado para essa incursão. Hong Kong é a cidade mais bonita do mundo que eu nunca gostaria de morar.

Ela parece estar, simultaneamente, presa entre duas ideias: a colisão política do capitalismo com o socialismo, sendo distopicamente ocidental e distopicamente chinesa ao mesmo tempo – um cenário de neon, sujeira e ferrugem que é, inexplicavelmente, elegante.

É exatamente nesse cenário incerto, que parece perdido entre dois mundos, que a diretora também constrói a história de dois mundos que se entrelaçam: o mundo dos vivos e o mundo dos fantasmas.

Eles estão por aí, nos trens e nas ruas, te perseguindo.

Toda a composição visual do filme valoriza as cores saturadas, o trabalho cuidadoso de luz e sombra, e uma capacidade improvável de criar uma sensação de claustrofobia, até mesmo em ambientes abertos (o que é facilitado pela própria arquitetura caótica de Hong Kong).

O filme tem uma certa dose de humor pastelão que, na minha opinião, não tem necessariamente a intenção de provocar risos, mas sim de reforçar o aspecto bizarro da história.

No entanto, por baixo de todo esse caos, há uma história de amor e drama que vai se desenhando aos poucos e se colocando em destaque. Não percebi isso de imediato, mas, após o filme terminar, comecei a refletir sobre ele.

Quando o amor e o drama emergem, o terror, o mistério e até a comédia do filme acabam ficando em segundo plano. Muito além da curiosidade pelas situações anormais e bizarras, os próprios personagens principais se tornam o centro da atenção.

Enfim, adorei.

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