Shogun é o quarto álbum de estúdio do Trivium, lançado em 2008.

O disco segue com o estilo típico dos primeiros dois discos: uma mistura de Thrash Metal e Metalcore.

Trata-se de uma volta às origens e, ao mesmo tempo, uma busca por novas abordagens, se enveredando um pouco no Metal Progressivo.

O disco anterior, The Crusade, tinha eliminado quase totalmente o Metalcore da equação e as linhas vocais de Matt foram muito comparadas com as de James Hetfield.

Aqui, os vocais ríspidos do Metalcore voltam com tudo.

Em termos musicais, é um disco mais próximo do Ascendancy, porém, mais complexo.

Liricamente, é um disco bastante diferente do anterior.

Enquanto The Crusade teve algumas canções enfocando crimes famosos e polêmicos (como base para discussão de assuntos de cunho mais político, como racismo, machismo e homofobia), este álbum possui um direcionamento mais temático – indo dos antigos costumes militares japoneses a incursões na mitologia grega.

A primeira música, “Kirisute Gomen“, já é bem emblemática e serve como cartão de visitas do disco.

Kirisute Gomen é uma antiga lei determinada aos samurais japoneses. Esta lei dava a qualquer samurai o direito de eliminar com a sua espada qualquer membro de uma classe mais baixa que não o respeitasse. Esta lei foi criada pelos senhores feudais (daimiôs) quando o Japão entrou em guerra.

Podemos achar curioso a perspectiva do algoz desta canção, em vista que o Trivium no disco anterior fizesse vista grossa à violência policial em músicas como “Contempt Breeds Contamination”, se colocando empaticamente no papel da vítima.

Into the Mouth of Hell We March” e “Torn Between Scylla and Charybdis” detalham a história de Odisseu escolhendo se enfrentaria o redemoinho gigante Caríbdis ou Cila, o monstro de seis cabeças.

Down from the Sky” apresenta um tema mais contemporâneo, sobre aqueles que iniciam guerras por lucro ou religião, alertando sobre o holocausto nuclear.

Throes Of Perdition“, “Insurrection” e “The Calamity” são músicas que liricamente parecem remeter ao primeiro disco “Ember to Inferno” – com temas mais psicológicos e de insatisfação difusa. Cada uma delas se aproxima de um assunto particular. “Throes Of Perdition” musicalmente remete bastante ao próprio “Ember to Inferno“, enquanto as outras duas estão mais próximas do “Ascendancy“.

He Who Spawned the Furies” é sobre o Titã Cronos devorando seus filhos e castrando seu pai Urano, criando Afrodite e as Erínias (as Fúrias), enquanto “Like Callisto to a Star in Heaven” foi escrita a partir da perspectiva da ninfa Calisto, detalhando seu estupro por Zeus e sua transformação na Ursa Maior.

Essas duas músicas possuem algumas ideias interessantes: um sussurro tétrico de gutural silencioso acompanhando os versos e adicionando neles um aspecto meio gótico.

Of Prometheus and the Crucifix“, outra que aborda a mitologia grega, faz referência ao tormento diário de Prometeu e alude à crucificação de Jesus Cristo, relacionando-os numa metáfora para o tormento duradouro daqueles que tentam mudar o mundo.

Shogun“, liricamente uma música de guerra, encerra o disco. Um épico metálico “grooveado” de quase 12 minutos que parece querer reunir toda a identidade do Trivium e, ao mesmo tempo, buscar outras sonoridades. A parte acústica que aparece lá pelos 5 minutos, com os vocais limpos, remete muito ao Opeth. Trata-se de uma das melhores músicas deles até hoje.

Enfim, com mais “cara de Trivium”, “Shogun” é um disco que parece ser a real continuação do desenvolvimento da banda desde o “Ascendancy“. Vale a pena dar uma olhada.

Recomendado

Ascendancy
Ember to Inferno
The Crusade

Podcast Recente

Rolar para cima