Quarto disco do Mastodon, lançado em 2008.
De acordo com uma entrevista no DVD The Making of Crack the Skye, este álbum representa o elemento éter, que é representado pelas almas e espíritos de todas as coisas, um tema intimamente relacionado ao conceito do álbum.
Os discos anteriores, Remission, Leviathan e Blood Mountain, representam respectivamente o fogo, a água e a terra. Amo todos estes discos profundamente, mas Crack the Skye foi o que mais me chamou a atenção até então. Não precisa concordar.
O Mastodon desde o começo de sua carreira sempre gostou de trabalhar um tema em seus discos. Um críptico fio condutor que liga as suas músicas. Eu sou muito ligado nisso, além, é claro, na mistura interessante de Rock Progressivo, Heavy Metal, Southern Rock e Sludge da banda (não considero Mastodon como Metal Progressivo).
Os discos são conceituais no sentido mais “abstrato” possível. Não esperem algo como Operation Mindcrime do Queensryche ou Seventh Son of a Seventh Son do Iron Maiden (discos que sou fã).
Eles não aparentam contar uma história específica. São mais ideogramas de uma jornada. As histórias dos discos agregam símbolos e poesias, mas não se articulam numa narrativa clara de uma história com começo, meio e fim. Adoro ver que a banda tem uma base de fãs engajada em teorias sobre o que significa cada coisa das letras.
Crack the Skye pra mim é uma mistura de dark-fantasy e ficção-científica. Eles misturam estética da arte da Rússia czarista, viagens astrais, experiências extracorpóreas e teorias de Stephen Hawking sobre os buracos de minhoca.
Nesse disco, há um paraplégico que só pode se deslocar por meio de viagens astrais.
Ele sai do seu corpo, voa para o espaço sideral e, tal como Ícaro, se aproxima demais do sol, queimando o cordão umbilical dourado que está ligado ao seu plexo solar.
Com o rompimento do seu cordão, ele fica a deriva no espaço e é sugado para um buraco-de-minhoca, que o leva para um reino espiritual.
Neste reino , nosso herói é resgatado e levado para um culto russo de clarividentes – que decide ajudá-lo a voltar pra casa.
Sua alma é transferida para o corpo de Rasputin, que passa compartilhar duas almas (a sua e a de nosso herói).
Quando este morre, as duas almas voam em direção a uma fenda no céu.
Enquanto isso, o diabo tenta impedir que eles cheguem nessa fenda.
Buscando as interpretações mais canônicas descobri que a história é extremamente hermética e conversa com um universo muito pessoal e traumático de Brann Dailor (baterista da banda).
Crack the Skye seria uma homenagem a sua irmã, Skye Dailor, que cometeu suicídio aos 14 anos. Não me peçam para explicar o que Rasputin, Czares e buracos-de-minhoca tem a ver com isso.
Musicalmente este disco é fantástico.
A suite The Czar e a belíssima Crack the Skye são duas das mais impactantes músicas da banda até hoje.
O disco em relação aos anteriores soa mais atmosférico e maduro. Uma parede sonora que de riffs poderosas e radiantes melodias de teclados ao fundo. O vocal alterna entre agressividade e suavidade, mantendo uma dramaticidade constante. The Last Baron é outra música maravilhosa – há muitas tantas mudanças interessantes que, pra mim, é uma música que vale por várias.
Está entre os grandes lançamentos do Heavy Metal e do Rock Progressivo moderno.