“Anatomia do Medo” é um drama dirigido e escrito por Akira Kurosawa em 1955, co-escrito por Shinobu Hashimoto, Fumio Hayasaka e Hideo Ogumi.

O filme foi produzido entre duas das obras mais prestigiadas do diretor: “Sete Samurais” (1954) e “Trono Manchado de Sangue” (1957). Por essa razão, é uma das obras menos lembradas de Akira Kurosawa.

Além disso, o filme foi um fracasso de bilheteria.

Podemos atribuir esse fracasso ao momento em que foi exibido. Por ser um filme sobre o trauma nuclear, talvez fosse mais sensato esperar um pouco mais para que a ferida cicatrizasse. Talvez a sociedade japonesa ainda não estivesse pronta para revisitar esse tema tão sensível.

No entanto, é possível que o filme tenha buscado justamente causar esse desconforto, ao abordar a complacência social diante de um mundo à beira da autodestruição.

Toshiro Mifune aqui interpreta Kiichi Nakajima, um homem traumatizado e aterrorizado com a possibilidade de um novo ataque nuclear no Japão.

Kiichi Nakajima é um industrial que decide juntar todos os seus esforços e economias para se mudar com sua família para o Brasil.

O filme se desenrola entre as tensões da obstinação de Kiichi e o drama de sua família, além de abordar questões legais específicas do Japão (como o fato de ele ser considerado louco pelo governo, o que o impediria de concluir seus planos).

“Anatomia do Medo” é um retrato expressivo e cáustico da loucura e da guerra. O aspecto mais assustador do filme não é apenas a ameaça de aniquilação nuclear, mas sim as consequências reais e possíveis desse evento, o que amplifica seu terror de forma indefinida.

Em vários momentos do filme, somos convidados a repensar a própria questão da loucura no personagem principal – se ela é ou não justificada, dada a experiência muito real de devastação nuclear que o Japão passou.

Vale lembrar que “Anatomia do Medo” não é a única obra japonesa que trata do trauma nuclear dessa época (nem mesmo a única vez que Akira Kurosawa se pronuncia sore o assunto). Um ano antes de seu lançamento, um gigantesco lagarto cuspidor de fogo chamado Godzilla (1954) fascinava e, ao mesmo tempo, projetava todos os medos da era atômica.

Apesar de não ter sido um sucesso de bilheteria e ser uma das obras menos lembradas na filmografia de Akira Kurosawa, “Anatomia do Medo” ainda é um filme impactante e poderoso.

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