O ecletismo musical de Fishmans

Fishmans, uma banda de dub japonesa, formada em 1987, foi uma das bandas mais ecléticas, originais e inovadoras do circuito underground japonês. Liderada por Shinji Sato (vocal, guitarra, trompete), Kin-Ichi Motegi (bateria, sampler e backing vocals) e Kensuke Ojima (guitarra e backing vocals), a banda logo incorporou Yuzuru Kashiwabara (baixo) e Hakase (teclado) à sua formação original.

O destaque da Fishmans começou em 1989 com sua primeira aparição gravada na compilação “Panic Paradise“. Em 1991, lançaram seu álbum de estreia, “Chappie Don’t Cry“, que serviu como um manifesto musical de sua diversidade sonora.

A música da Fishmans é uma fusão única, influenciada pelo reggae e dub, mas permeada por elementos de rock, pop, drum and bass, hip hop e ska. A voz andrógena e distintiva de Sato adicionou uma camada de singularidade psico-alienígina à sua música.

A banda explorou uma variedade de estilos musicais durante sua carreira, lançando vários álbuns pela gravadora independente Media Remoras.

Em 1995, Fishmans assinou com a Polydor Records e passou por mudanças em sua formação com as saídas de Kensuke Ojima e Hakase. No entanto, isso não impediu a banda de continuar sua jornada de exploração rítmica e melódica. Em vez disso, eles começaram a colaborar com artistas convidados em seus álbuns, notavelmente com Honzi (teclado, violino, acordeão e vocais) e Darts Sekiguchi (guitarra).

A adição de ZAK na mixagem de som marcou o início de uma nova fase da banda, que incorporou elementos de space rock, ambiente e shoegaze à sua música (que já era muito eclética).

As músicas cresceram em duração e complexidade.

Em 1996, lançaram “Aerial Camp“, que inclui a icônica “Nightcruising“. Logo após, veio “Long Season“, uma faixa extraordinária de 35 minutos dividida em cinco partes.

O último álbum de estúdio da Fishmans, “Uchu Nippon Setagaya“, foi lançado em 1997.

Em 28 de dezembro de 1998, a banda realizou seu último e emocionante show, onde interpretaram muitas de suas músicas e concluíram com uma performance impressionante de “Long Season“. A saída de Kashiwabara marcou o fim de uma era, mas Sato e Motegi planejavam continuar como Fishmans. Infelizmente, em 15 de março do ano seguinte, Sato faleceu devido a uma condição cardíaca que ele carregava desde a infância.

Após a partida de Sato, Kin-Ichi Motegi encontrou um novo rumo como baterista substituto para a Tokyo Ska Paradise Orchestra. Eventualmente, ele se tornou um membro integral da banda, tocando bateria e contribuindo com vocais. Kashiwabara, originalmente planejando abandonar a indústria musical, uniu-se a Yusuke Oya (ex-LabLife) para formar a banda Polaris, mantendo viva a tradição musical da Fishmans no final da década de 90.

Mesmo após a perda de Sato, a popularidade da Fishmans continuou a crescer. Em 2004, lançaram o álbum tributo “Sweet Dreams for Fishmans“, com covers de diversos artistas, incluindo OOIOO, Bonobos e UA. Em seguida, em 2005, chegaram os álbuns “Kuchu” e “Uchu“, que apresentam faixas raras e não lançadas juntamente com os melhores sucessos.

Em 22 de novembro de 2005, os membros remanescentes da banda realizaram um show emocionante em tributo aos fãs e a Shinji Sato, no Rising Sun Rock Festival. Este evento durou três horas e meia, com a participação especial de vários artistas que se uniram para fazer os vocais. No mês seguinte, uma exposição artística chamada “The Long Season Rewind” aconteceu em Shibuya, Tóquio, contando com as contribuições de diversos artistas.

Em 2006, o concerto ao vivo “The Long Season Revue” foi lançado em DVD, mostrando os membros originais da banda se apresentando ao lado de um grande grupo de músicos, incluindo UA, Asa-Chang, Hanaregumi, Oki Yuichi (da Tokyo Ska Paradise Orchestra) e Ikuko Harada (do Clammbon). Após esses concertos, Honzi, colaborador de longa data da banda, também nos deixou.

Desde então, a Fishmans continua a se apresentar ao vivo em diversos festivais, celebrando sua incrível diversidade musical e seu legado duradouro na cena musical japonesa e internacional.

Comente aqui

Newsletter Semanal

Categorias

Asssuntos

Posts

Último Episódio

Quem faz

O podcast é apresentado por Gabriel Vince. Já foi estudante de filosofia, história, programação e jornalismo. Católico, latino e fã de Iron Maiden. Não dá pra ser mais aleatório que isso.

5 jogos que utilizam da estética dos “Espaços Liminares”
01 - Paratopic (2018, Arbitrary Metric) Paratopic é um jogo...
A lição de Prometeu
Prometeu é uma figura central na mitologia grega, conhecido por...
The Sopranos e uma entusiástica ode a Televisão
Em 1923, o intelectual italiano Ricciotto Canudo criou um manifesto...
Do antrópico ao tecnoantrópico: uma nova estrutura para especular o futuro
O Princípio Antrópico é um conceito filosófico proposto na década...
Rolar para cima