A Écloga IX de Virgílio descreve o encontro de dois compatriotas, Lycidas e Moeris.
Moeris, expulso de sua fazenda, leva alguns cabritos para a cidade, para o novo ocupante. Lycidas, surpreso, ouvira que Menalcas (ou seja, Virgílio) havia assegurado a segurança do distrito com sua poesia, mas Moeris responde que, longe disso, ambos escaparam por pouco com vida.
Na simetria das Éclogas, esse poema é par da Écloga I, também um diálogo sobre confiscos de terras de 40 a.C., contrastando o destino de um agricultor deslocado com aquele autorizado a ficar.
O contexto histórico dessas desapropriações remonta à guerra civil, onde cidades como Cremona e Mântua tiveram suas terras confiscadas para assentar soldados veteranos.
Conta-se que Virgílio defendeu sem sucesso os direitos dos mantuanos que perderam terras, possivelmente incluindo as suas. No poema, Menalcas, identificado como Virgílio, é um adepto da música.
A Écloga segue o esquema do sétimo Idílio de Teócrito, invertendo a situação: em Teócrito, oradores vão da cidade para o campo, enquanto em Virgílio, vão para a cidade.
Caminhando, Lycidas e Moeris cantam trechos de quatro canções, aparentemente compostas por Menalcas. Os pares exibem paralelismo, com temas teocritas nas de Lycidas e romanos nas de Moeris.
As músicas de Lycidas expressam otimismo para o futuro, enquanto as de Moeris são pessimistas, expressando nostalgia do passado.
A primeira música, a Lycidas, é um “small talk”, uma tentativa de puxar assunto. A segunda, de Moeris a Varus, é um lamento sobre confiscos de terras.
Lycidas elogia Moeris e se declara poeta. A terceira música, de Moeris a Galatea, e a quarta, de Lycidas a Daphnis, conectam elementos pastoris com eventos históricos, como o Cometa de César.
Moeris reclama da idade, e Lycidas oferece ajuda para chegar à cidade. Moeris pede para parar de cantar até o retorno de Menalcas.
Virgílio expressa um sentimento atemporal, retornando à miséria causada pelo confisco de terras. Moeris lamenta, mas encontra conforto em verdades filosóficas sobre a mortalidade. Virgílio sugere que a poesia pode consolar em momentos difíceis, expresso pela perseverança de Moeris.