“The Ethereal Mirror” é o segundo álbum do Cathedral, lançado em 1993. O álbum parece estar centrado em uma coisa: celebrar o Black Sabbath.
No entanto, não há nenhuma tentativa de simplesmente copiar o Black Sabbath, já que as músicas têm suas próprias identidades. O que existe aqui é a imitação, que não é necessariamente algo ruim. A imitação é uma constante na arte e só é considerada insultuosa e estigmatizada por aqueles que colocam o “absolutamente novo” como um fetiche.
As grandes obras de arte mais inovadoras da humanidade combinam o paradoxo não contraditório da imitação e da autonomia. Reconhecer a influência é respeitar o fio condutor que liga as pontas do passado ao presente. Em última instância, é prestar homenagem à ideia de tradição.
Como Friedrich Schlegel disse, o imitador é aquele que se apropria da legalidade de um protótipo sem se deixar limitar pela particularidade que a forma exterior possa, contudo, sempre comportar.
Eu sou a última pessoa a ficar incomodada com o fato de o Led Zeppelin plagiar outras músicas, embora ache que seria bom que eles dessem créditos. Na verdade, a meu ver, o Led Zeppelin imprimiu identidade em um monte de blues genéricos.
Eu também sou a última pessoa a ficar incomodada com os auto-plágios do Iron Maiden, que recicla seus riffs de tempos em tempos (como em “Hallowed Be Thy Name”, “Edge of Darkness” e “Time Machine”). Para mim, eles são muito mais criativos em ressignificar as próprias ideias dentro de um campo harmônico limitado do que aquelas bandas que se acham a própria encarnação de Stravinski e que jogam no liquidificador um monte de ideias desconexas na esperança de criar algo bom. Não é assim que funciona.
Da mesma forma, sou a última pessoa a ficar incomodada com o fato de o Cathedral imitar o Black Sabbath, desde que eles adicionem sua própria impressão digital.
Comparado ao primeiro álbum, há apenas um ajuste de influências. Em “Forest of Equilibrium”, o primeiro álbum, havia um “equilíbrio” entre as influências de Black Sabbath, Jethro Tull e King Crimson. Em “The Ethereal Mirror”, o Black Sabbath domina – é a força motriz do álbum, afastando-se mais das influências mais explícitas do rock progressivo clássico e apenas flertando com elas nas trilhas já percorridas de álbuns como “Sabbath Bloody Sabbath” (no uso de teclados e instrumentos acústicos).
Existe, sim, influência do rock progressivo no álbum, mas ela é reduzida a um flerte.
Eu gostei mais do primeiro álbum, “Forest of Equilibrium”, porque sou fã do rock progressivo dos anos setenta, mas este álbum ainda mantém um nível alto e entendo que é outra proposta. Vida longa ao Black Sabbath!
Obs: A arte da capa continua fantástica.