Sangue de Pantera (Cat People) é um filme de terror americano de 1942 dirigido por Jacques Tourneur e produzido pela RKO, uma famosa produtora e distribuidora americana de filmes de baixo orçamento.
O filme conta a história de Irena Dubrovna (Simone Simon) uma designer de moda sérvia recém-chegada na América.
Irena se apaixona por um arquiteto naval chamado Oliver Reed (Ken Smith), com quem se casa, mas não consegue consumar o casamento pois está obcecada com a ideia de que ela é descendente de uma antiga tribo, que ela chama de Cat People, composta por bruxas e bruxos que se transformam em panteras negras quando sexualmente estimuladas.
Este filme se tornou um clássico e motivou discussões diversas a respeito da repressão da sexualidade feminina e xenofobia.
Irena é desde o início marcada como estrangeira e essa será uma de suas características mais distintivas em relação aos outros personagens do filme.
Tanto neste filme quanto no romance gótico em geral, ser estrangeiro significa assumir a posição do “outro” no emaranhado mapa de características possíveis de um personagem. Drácula de Bram Stoker, por exemplo, pode ser analizado como a antítese do que significa ser inglês.
Irena, por sua vez, é a antitese do que significa o modelo de feminilidade estadunidense e isso traz para ela uma série de dramas de adaptação e identidade.
A personagem principal, que é protagonista e antagonista ao mesmo tempo, busca se encaixar no ideal da normalidade americana, mas percebe que é inútil. Aos olhos de todos, inclusive aos olhos do próprio marido, ela sempre será a estrangeira.
Durante todo o filme ela convive em um limiar fronteiriço da luz e da escuridão, uma batalha interna, até sucumbir ao que filme entende como sua natureza.