Motel Destino é um filme brasileiro de 2024, dirigido por Karim Aïnouz e estrelado por Iago Xavier, Nataly Rocha e Fábio Assunção.
No enredo, acompanhamos Heraldo (Iago Xavier), que precisa se livrar de uma dívida e tenta assaltar um banco, mas falha em sua tentativa. Ele busca refúgio em um motel à beira da estrada, onde conhece Dayana (Nataly Rocha), esposa de Elias (Fábio Assunção), com quem acaba se envolvendo.
Bem, devo dizer que foi um dos piores filmes que assisti recentemente.
Motel Destino parece tentar se vender como um thriller erótico com uma estética “noir” cearense. Para isso, o diretor tenta emular uma estética consagrada do cinema noir oriental: espaços fechados, iluminação natural (normalmente escura) e silhuetas desenhadas em neon.
Por vezes, há composições fotográficas bonitas, especialmente nos espaços externos. No entanto, a maior parte do tempo, dentro do motel, onde se passa a maior parte da ação, a composição visual é simplesmente incômoda.
O suor dos personagens, que deveria reforçar o calor e valorizar a dimensão erótica, acaba apenas criando uma sensação nauseante de desconforto e nhaca. Talvez isso tenha sido intencional. A classe artística no Brasil, de fato, parece ter uma estranha atração pela estética do depauperamento.
No entanto, isso não desculpa o roteiro que é, sem dúvida, a pior parte do filme, logo depois dos diálogos e da incompetência do diretor.
O filme, além de não ter uma boa história, desloca desleixadamente o foco de tensão entre duas ou três situações diferentes, que são introduzidas em um ato e esquecidas no ato seguinte. A potência dramática de cada situação mal se estabelece e logo se dissolve.
Além disso, ideias recorrentes são jogadas no roteiro e rapidamente abandonadas. Por exemplo, qual é o significado das alucinações do personagem? Qual o papel delas na trama ou no desenvolvimento da história? O que representa a figura recorrente do jegue no quintal? Seria uma tentativa de valorizar o caráter animalesco do lugar? Não sei. Ninguém sabe. Talvez nem o diretor saiba.
Juro que tentei me engajar. Juro que tentei encontrar méritos no filme. Juro que tentei ter boa vontade. Não deu!
Não entendo como alguém que tenha um mínimo de conhecimento sobre cinema pode elogiar (ou até premiar) um filme que transborda amadorismo e carece de letramento simbólico.
No fim, são por filmes como esse que o desprezo gratuito pelo cinema nacional acaba fazendo sentido.