Ringo Starr é uma figura que sempre esteve à margem da história dos Beatles. John Lennon, Paul McCartney e George Harrison sempre se sobressaíram, tanto nas composições quanto nas suas carreiras solo.
Ringo era o “the ugly one” (o feinho), algo que, surpreendentemente, nunca parece ter o incomodado tanto. Isso faz dele o meu Beatle favorito.
Ele mesmo fazia piadas sobre si, e, por isso, sempre me pareceu o mais bem-humorado dos quatro, o que, na minha visão, o tornava o mais confiante e conciso. Isso se reflete em sua levada instrumental sólida e consistente, o que, por sua vez, se traduz em sua carreira solo igualmente concisa.
E é basicamente isso que temos aqui. Look Up é um disco de country suavemente inclinado para o honky tonk e para o rockabilly — algo que me remete muito ao espetacular disco Help! de 1965.
Sua voz está rudemente emotiva, suas letras são adoravelmente bobinhas, e seu senso de humor continua sendo satírico.
Ringo Starr ainda se mantém à margem, e essa é sua maior qualidade.
É como se o comediante de Liverpool, o hippie da Califórnia e o cowboy de Nashville entrassem em um bar, e no canto estivesse Ringo Starr, observando tudo e pensando em uma piada.
Look Up é basicamente isso.