Bem. Segunda ou terceira vez que eu vejo o filme e ele está oscilando no meu julgamento entre muito bom e bom.

Talvez seja um dos filmes mais vazios do Scorsese.

Não consigo notar nem a profunda discussão sobre o capitalismo financeiro que falam que ele tem, muito menos um estudo de personagem profundo.

Existe uma certa discussão sobre Scorsese ter ou não uma visão que celebra a vilania de Jordan Belfort nesse filme.

Tem alguns críticos que acham o filme moralmente condenável.

É um pouco.

Sei lá.

Ao mesmo tempo que a vida dele é mostrada com pompa e exuberância, não podemos ignorar as situações vexatórias e decadentes de Jordan dopado ou nas suas constantes demonstrações de descontrole emocional.

Esse questionamento não é novo nas análises dos filmes de Scorsese.

Em Goodfellas e Casino foi a mesma coisa. Foram vários os críticos que disseram que Scorsese nesses filmes celebrava a máfia – mesmo que todos os mafiosos nesses filmes (sem exceção, pelo que eu me lembro) acabavam sendo baleados, esfaqueados ou ficando paranoicos.

O que Scorsese parece fazer é não esconder o lado bom (ou atraente) de uma vida onde dinheiro e o prestígio alimentam uma reprimida demanda hedonista.

O que atrai em Belfort é o que atrai em todo homem (e não adianta se fingir de santinho nesse momento): poder e mulheres.

Talvez o tom mais voltado para comédia tenha perfumado esse filme de uma imprópria leveza e isso tenha preenchido as impressões no público e na crítica de que Scorsese era simpático ao modo de vida de Belfort, onde frenesi e vitalidade se confundem.

Eu disse imprópria? Eu achei a comédia no filme justamente o ponto forte. Achei o filme engraçado pra caralho, pra falar verdade.

Seu filme mais cômico desde “Depois das Horas” (1985).

Se ele fosse vendido como uma “comédia scorseseana” acredito que não bloquearia algumas pessoas do jeito que bloqueou.

O filme tem 2 horas e 30 minutos de duração (pelo que lembro) e não senti o tempo passando.

Obs: escolhi o pôster mais politicamente incorreto e moralmente ofensivo pois acho que é o mais adequado para representar a proposta do Scorsese no filme.

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