Janela Indiscreta é uma experiência cinematográfica que dilui tanto as barreiras entre figurante e personagem quanto as barreiras entre peronagem e expectador.

O personagem principal não “atua” no filme – ele é tão passivo quanto nós.

Ao lado dele você não é um expectador, mas um co-expectador voyerista de biografias minutarilizadas nas janelas. O filme te faz um bisbilhoteiro, um xereta, um fofoqueiro – algo que todo mundo gosta de ser mas não admite em público.

É interessante ver como a curiosidade é crescente e contagiante.

Crescente pois o protagonista começa com espiadelas casuais e depois começa a observar tudo despudoradamente. Não satisfeito ele pega os binóculos e depois avacalha com qualquer resquício de ética quando desarma uma teleobjetiva bem na nossa frente. Se continuasse ele estaria observando os vizinhos com um telescópio.

Contagiante pois não apenas ele, mas os personagens que o acompanham – incluindo nós – se contaminam com a sua curiosidade. Eles (e talvez nós) começamos condenando o hábito do protagonista e, no final, terminamos mergullhados em curiosidade. Não apenas “pescoçando” (adoro essa expressão) mas até cavando o quintal e invadindo o apartamento do vizinho.

Janela Indiscreta ainda tem espaço para ser metalinguístico. É um thriller dentro de um thriller.

Além de tudo, é um filme sobre a experiência de ver um filme com alguém e ter a liberdade de comentar sem parecer inoportuno – sem o “shiiii” do banco de trás.

Poderia ficar horas descrevendo todas as camadas de genialidade presente neste filme.

 

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