Psycho é sem sombra de dúvidas o filme mais icônico, estudado e comentado da história do cinema.

Confesso que demorei muito pra assistir esse filme exatamente por isso.

Quando os holofotes estão todos apontados na mesma direção, em vez de curiosidade, minha primeira reação é de afastamento.

Tinha por Psycho um respeito distante, mas não queria assisti-lo. Não acreditava que ele pudesse me surpreender.

O filme foi dissecado, discutido, analisado e parodiado umas centena de vezes.

Sua cena mais famosa eu já conhecia, seu plot-twist eu já conhecia, sua trilha sonora fantástica eu já conhecia, todas as discussões sobre sua importância no cinema eu já tinha lido e relido diversas vezes.

Psycho se tornou objeto base de análise de outros filmes. É o filme mais citado de todos os tempos. Até mesmo quando eu lia sobre outros filmes, eu acabava lendo sobre Psycho.

A impressão é que o filme superou o cinema em si, virou uma espécie de entidade onipresente.

Por ser tão poderoso, eu, na arrogância da falsa impressão de já ter absorvido esse filme, acreditava que eu poderia me furtar da experiência de assisti-lo.

Com muito esforço e aos boçejos, com a plena certeza de que eu iria me entendiar – me forcei a assitir o filme.

Não deu 10 minutos de filme e essa falsa sensação de familiaridade foi logo embora.

Fiquei concentrado na tela, prestava atenção em todos os detalhes, percebi que a tensão crescia dentro de mim. Como isso era possível? Afinal, não era eu que conhecia tudo do filme sem precisar assisti-lo? Eu já não sabia tudo que iria acontecer? Não importa. As vezes eu esqueço que Hitchcock é Hitchcock por um motivo. Psycho é uma espécie de Sinfonia Romântica. Tudo que eu achei que iria atrapalhar a experiência de assisti-lo (como, por exemplo, já saber o final) não passou de um pequeno e insignificante ruído no meio dessa grandiosa sinfonia – como se fosse um pequeno pigarro vindo da última fileira, no silêncio entre um movimento e outro.

Psycho é FODA. Não darei conta de fazer uma análise cinematográfica original. O que posso humildemente fazer aqui é contar o que Psycho me ensinou sobre a vida: nunca, NUNCA subestime a riqueza de uma experiência real.

Vá assistir Psycho.

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