Innocent Victim é o décimo primeiro álbum de estúdio do Uriah Heep, lançado em 1977.
O disco surge em um momento delicado para a banda, marcado por uma crise interna que culminou, em 1976, com a saída do vocalista clássico David Byron (devido a problemas com álcool) e, posteriormente, do baixista John Wetton. Para preencher essas lacunas, a banda trouxe Trevor Bolder no baixo e John Lawton, do Lucifer’s Friend, como novo vocalista.
Com essa formação, o Uriah Heep lançou Firefly no início de 1977 e, ainda no mesmo ano, Innocent Victim.
Um dos aspectos mais marcantes de Innocent Victim é sua capa, que apresenta a ilustração de uma cobra com uma boca gigantesca babando sangue. A imagem é impactante, causando reações que variam entre o medo e o riso. Há relatos de que muitas pessoas tiveram pesadelos com ela. O detalhe mais bizarro, além da cobra ser banguela, são os olhos do animal, que parecem humanos — e de fato são: trata-se dos olhos do baterista Lee Kerslake, sobrepostos e redesenhados na ilustração.
Musicalmente, o álbum é regular, especialmente quando comparado aos padrões do Uriah Heep. Há uma clara tentativa de alcançar um público mais amplo, embora a capa cumpra mais o papel de afastar do que atrair. O disco mescla Rock and Roll clássico, com influências que lembram Creedence Clearwater Revival, e incursões pelo Pop, AOR (Adult Oriented Rock) e Rock Arena. Canções como The Dance e Choices (as mais fracas do álbum) exemplificam essa abordagem mais comercial.
Por outro lado, as faixas com uma pegada mais voltada para o Rock clássico apresentam uma execução competente e boas composições, como Keep On Ridin’, Flyin’ High, Roller (as três primeiras do álbum), Free Me (que é bem cantárolável) e Cheat’n’ Lie. Os vocais de John Lawton são sólidos, e a “cozinha” formada por Trevor Bolder (baixo) e Lee Kerslake (bateria) se destaca bastante.
Apesar de mais da metade do disco ser composta por boas músicas (especialmente o Lado A), muitas delas, mesmo boas, não são memoráveis, com exceção de Free ‘n’ Easy — que merece destaque por ser uma das músicas mais pesadas do Uriah Heep, quase um Heavy Metal, capaz de se encaixar perfeitamente em álbuns como The Magician’s Birthday.
Em resumo, Innocent Victim é um álbum com altos e baixos, onde os momentos altos não são excepcionais e os baixos não chegam a ser ruins. Definitivamente, não é um disco essencial para quem não é fã da banda, mas tem seus méritos.
Faixas favoritas: Roller, Free Me e Flyin’ High.