Hanagatami (花筐, lit. “Cesta de Flores”) é um filme de guerra japonês de 2017, dirigido por Nobuhiko Ōbayashi e baseado em um romance de 1937 de Kazuo Dan.
A história se passa na primavera de 1941 e acompanha Toshihiko, um adolescente de dezesseis anos que deixa Amsterdã para estudar em Karatsu, uma pequena cidade na costa oeste do Japão, onde sua tia Keiko cuida de sua prima doente, Mina. Imerso na natureza e na cultura do litoral, Toshihiko logo se aproxima de outros adolescentes notáveis da cidade, enquanto todos eles enfrentam a atração inescapável da guerra.
A trama explora a pureza da juventude assombrada pelo caos da guerra, inspirando-se na própria infância de Ōbayashi.
O filme foi originalmente concebido nos anos 1970, antes de Ōbayashi fazer sua estreia como diretor de longas com House (1977), mas sua produção foi adiada por mais de 40 anos. Antes das filmagens, Ōbayashi foi diagnosticado com câncer em estágio quatro, recebendo um prognóstico de apenas alguns meses de vida. Desde então, a sombra da morte sempre acompanhou o diretor – tal como os personagens deste filme.
Em um breve prólogo, Ōbayashi evidencia a dimensão pessoal da obra, onde o narrador e diretor lembra ao público que o que se segue “não é nostalgia, mas a dor de tudo que foi devorado e perdido pela guerra”.
Hanagatami recebeu elogios da crítica e diversos prêmios, incluindo o de Melhor Filme no 72º Mainichi Film Awards. Foi aclamado por seus visuais exuberantes e vibrantes, sua direção e edição experimentais e psicodélicas, sua forte mensagem anti-guerra e seu senso de personalidade. Este é o terceiro filme de uma trilogia temática de Ōbayashi sobre a guerra moderna, juntamente com Casting Blossoms to the Sky (2012) e Seven Weeks (2014).
O filme possui a mesma extravagância estética que Ōbayashi sempre demonstrou desde House (1977): uma mistura de edições grosseiras (e até amadoras) com fotografia artística.
A composição imagética deste diretor mistura cinema, pintura e colagens, tornando a artificialidade evidente de forma intencional, para afastar a audiência do realismo e colocá-la em uma espécie de teatro de alucinações e delírios febris. Em suma, para colocar a história na perspectiva do próprio Ōbayashi.
O filme segue o estilo de Ōbayashi e não poderia ser diferente. Um filme tão pessoal quanto esse necessariamente precisa da linguagem de autor. Precisamos ver uma pessoa. Precisamos de um indivíduo suficientemente livre para não pertencer a um país, a um movimento artístico, a uma escola de cinema, um partido ou qualquer outro subterfúgio de diluição. Esse filme não poderia ser convencional; seria um crime se fosse.
Contrariando um pouco o que escrevi no começo deste texto, no final das contas, Hanagatami não é um “filme japonês”, é um filme de Ōbayashi. No máximo, ele é parcialmente japonês. Como diria José Ortega y Gasset, “o homem é o homem e suas circunstâncias”.