Ryo Shinagawa apresenta 3 histórias de H.P. Lovecraft com bonecos de argila deformados e expressionistas, onde o movimento é mínimo (quase inexistente) e toda composição dramática fica por conta som, da trilha sonora, do voice over, movimentos de câmera e do jogo de luzes e sombras.
Os contos representados são “The Dunwich Horror”, “The Picture in the House” e “The Festival”.
Para Lovecraft, a proposta é perfeita. Os contos evocam mais um terror de sensações abstratas, divagantes que, quando se materializam, é em fenômenos obscuros e indescritíveis.
São raros os “monstros” em Lovecraft. Quase todo terror é informe, atmosférico, geológico ou ambiental.
Quando não acontecem em sonhos (onde tudo pode), são luzes, tremores, uivos do vento, cores e uma imaginação perturbada que desnuda os monstros entre as árvores, florestas, no céu e nas estrelas.
Toda adaptação lovecraftiana deveria se pautar em cinema experimental, em amorfismos, disformias, pareidolias e outras esquisitices.
Penso que David Lynch, sem nunca ter adaptado uma obra do Lovecraft, é o mais lovecraftiano dos diretores.
Twin Peaks, especialmente a terceira temporada, é Lovecraft puro.
Sobre a obra de Ryo Shinagawa, acho válido como experiência estética e um adjunto visual para quem já leu os contos citados (ou mesmo conhece a obra de H.P. Lovecraft), mas confesso que o alongamento de algumas cenas soou desnecessário e um pouco irritante.
Cada conto tem 15 minutos, mas poderiam ter uns 10 tranquilamente.
Quem não leu nada de Lovecraft vai ficar perdido.
Tem no Youtube com legenda em Inglês.