Cubo Zero é o terceiro e último filme da série Cubo.
O filme segue a mesma premissa dos anteriores: um grupo de pessoas se encontra preso em um lugar estranho, repleto de câmaras e armadilhas.
Este filme não é uma continuação, mas uma prequela, narrando os acontecimentos anteriores ao primeiro filme, de 1997.
Resumindo, o filme é ruim.
Há muito mais pontos negativos do que positivos.
É um filme bobo e, em certo sentido, até mesmo quadrinesco — com direito a um vilão caolho e afetado. No entanto, ele não é ruim apenas por ser bobo ou quadrinesco. Se essa fosse a proposta explícita, isso poderia até ser um elemento positivo, na minha opinião.
Existe um problema recorrente nas sequências de filmes: elas, na maioria das vezes, são ruins ou significativamente inferiores ao original. Isso é algo que todo mundo já sabe. Então, ao assistir às sequências de Cubo, já mantive as minhas expectativas bem baixas.
Sabia que Cubo²: Hypercube, o segundo filme da sequência, não seria tão bom quanto o primeiro.
No entanto, acabei me simpatizando com essa sequência depois de assisti-la. Sua proposta foi expandir o primeiro filme para incorporar teorias científicas complexas, como as de multiverso. Apesar de ser uma bagunça, baseada em uma tentativa de hard science teórica, ele potencializou a característica abstrata e absurda do primeiro filme.
O filme foi tão pretensioso quanto esquisito e, pela esquisitice, eu diria que gostei do resultado — embora ainda o considere muito inferior ao primeiro.
O terceiro filme, por sua vez, abandonou completamente a ficção científica e se concentrou apenas nos aspectos de sobrevivência e fuga — o que é interessante e, talvez, mais próximo da proposta do primeiro filme.
No entanto, ele carrega os mesmos vícios do segundo: o esforço excessivo para criar um contexto.
Um dos grandes trunfos do primeiro filme é que ele não tem uma história clara. Os personagens simplesmente acordam em um cenário absurdo, repleto de comportas e armadilhas. Era um filme onde a própria situação era o mote dramático, o que transformava tudo em uma espécie de metáfora para um pesadelo.
Acredito que os diretores geralmente subestimam a capacidade de abstração do público e sua tolerância a dúvidas — ou talvez seja só eu que me sinta estimulado pelo desafio imaginativo de uma obra que deixa lacunas e provoca o espectador a preencher as entrelinhas. Uma dose de pós-modernismo não faz mal a ninguém.
A tentativa de explicar demais as coisas acaba, para mim, estragando a experiência e demonstrando uma falta de confiança no próprio material. Talvez seja por isso que o primeiro filme é hoje considerado um “cult” e as sequências são vistas como materiais descartáveis (ainda assim, reforço, gostei do segundo).
Cubo Zero tenta carregar os personagens com dramas desnecessários (e, meu Deus, há tantas cenas de flashback cafonas para isso), acreditando que seus passados sejam interessantes o suficiente para nos cativar. Mas não são. Os personagens do primeiro filme eram interessantes pela sua ordinariedade: todos estavam ali sem motivo, poderiam ser qualquer um — inclusive eu. Nos conectávamos com eles pelo anonimato.
Pouco me importa o plot twist ou a conexão que o terceiro filme tenta fazer com o primeiro. De longe, Cubo Zero é o pior da sequência.
O único mérito do filme são as mortes. Elas são muito boas, especialmente a primeira.