“Children of the Corn” é um filme de terror de 1984 baseado no conto homônimo de Stephen King. O filme se passa em uma pequena cidade do Nebraska, chamada Gatlin, onde uma seita de crianças lideradas por um garoto chamado Isaac adora uma entidade maligna chamada “Aquele que Anda por Trás das Fileiras”. Essa seita tem o hábito de sacrificar todos os adultos da cidade em uma colheita de milho anual.
O filme explora temas de fanatismo religioso, manipulação das mentes jovens e o horror escondido em uma aparente cidade pacífica.
Antes de tudo, gostaria de esclarecer que não li a obra que originou o filme. Estou analisando o filme de forma independente e isolada.
Pelo que pude entender, a história parece ser uma releitura de “O Senhor das Moscas” de William Golding, onde um grupo de crianças recria uma sociedade baseada em violência e sacrifícios.
Em “Children of the Corn”, temos uma mistura simbólica de culto pagão e cristianismo puritano, o que achei interessante.
Os elementos pagãos se manifestam na peculiar adoração ao milho e nas práticas de sacrifícios humanos.
Aparentemente, Stephen King se baseou nos maias para inserir esses elementos. Os maias consideravam o milho sagrado e o associavam à criação da humanidade, ao mesmo tempo que realizavam sacrifícios humanos como forma de estabelecer uma relação amistosa com os deuses e obter benefícios cósmicos para a comunidade, como paz e boas colheitas.
No filme, os locais onde ocorrem os sacrifícios também são decorados com milho.
Os elementos do cristianismo puritano, presentes na história, são típicos do autor, que sempre os coloca em suas histórias como elementos problemáticos. Aqui, eles se refletem na verborragia e no radicalismo moral de Isaac, bem como em símbolos como a cruz, cultos e pregações agressivas, que enfatizam uma visão distorcida de rigidez veterotestamentária, onde a punição e o medo se sobressaem em detrimento do perdão e da compaixão.
O filme começa muito bem e mantém o ritmo até sua metade. A tensão é bem construída, assim como o desenvolvimento baseado em um mistério que revela extravagância e bizarrice. Igrejas cristãs decoradas com milho, imagens cristãs profanadas e um grupo de crianças clamando por violência em nome de Deus.
Há cenas bem filmadas e uma trilha sonora que combina bem o uso de sintetizadores com um coro infantil.
No entanto, os momentos finais do filme são muito ruins, extremamente ruins! Tão ruins que ofuscam as qualidades do filme.
Tive a impressão de que, em determinado momento, os realizadores tiveram pressa em concluir o filme e o aceleraram ao máximo para sua resolução. Em pouco tempo, a atmosfera do filme muda completamente, assumindo de vez o terror sobrenatural, sem qualquer preparação prévia. E, pior ainda, o filme nos apresenta uma das piores e mais vergonhosas concepções de monstro em computação gráfica que já vi em toda a minha vida.
Em resumo, pelo menos dois terços do filme funcionam muito bem, mas a terceira parte final é simplesmente uma das piores experiências cinematográficas que já tive.