A Beautiful Day é um disco ao vivo de Andrew Hill, resultado de três noites de performance no clube Birdland em Nova York. Trata-se de sua segunda colaboração com o selo Palmetto.
O álbum se distingue na discografia de Hill por apresentar seu trabalho em formato de big band, um afastamento significativo de suas formações menores mais características.
O repertório consiste em oito composições que abrangem diferentes períodos da carreira de Hill, incluindo novos arranjos de peças anteriores. “Divine Revelation”, originalmente gravada em 1975 como um quarteto, aparece aqui completamente reorquestrada. As outras faixas demonstram a abordagem composicional madura de Hill, com suas estruturas harmônicas complexas e espaços cuidadosamente construídos para improvisação coletiva e individual.
A orquestra reúne treze músicos distribuídos em seções rítmica, de madeiras e metais. A seção rítmica mantém o núcleo característico do trabalho de Hill com piano, baixo (Scott Colley) e bateria (Nasheet Waits). Temos John Savage alternando entre flauta e saxofone alto, Marty Ehrlich nos clarinetes e saxofone alto, além de dois saxofonistas barítonos (Aaron Stewart e Greg Tardy). Os metais contam com quatro trompetistas incluindo Laurie Frink e o próprio Horton, três trombonistas e uma tuba (José D’Avila).
Ron Horton (trompete) desempenhou um papel fundamental como co-regente, trabalhando em estreita colaboração com Hill nos arranjos e na coordenação musical durante as performances. Essa parceria permitiu que a big band navegasse com eficácia entre as seções totalmente escritas e os momentos de improvisação livre.
Os arranjos exploram sistematicamente diferentes combinações instrumentais, desde conversas entre pequenos grupos até explosões da big band completa.
Entre os momentos notáveis estão os solos de John Savage na flauta e Marty Ehrlich no clarinete baixo em “Faded Beauty”, que demonstram a capacidade de Hill em escrever para instrumentos menos convencionais no jazz. Em “Divine Revelation”, a interação entre os dois saxofonistas barítonos cria uma base rica para os solos de trompete. A peça “Bellezza” destaca o trompete de Horton em diálogo com a seção rítmica, enquanto “11/8” mostra a habilidade de Waits em lidar com métricas complexas.
A recepção crítica, incluindo análises como a de David R. Adler para a AllMusic, enfatizou como o álbum consegue traduzir a linguagem musical única de Hill — com sua integração característica entre composição e improvisação — para o formato de big band. Esta gravação representa um capítulo significativo na fase tardia da carreira de Hill, quando ele revisitava seu catálogo com formações ampliadas, oferecendo novas perspectivas sobre seu trabalho composicional.
Em suma, o disco, como um todo, se assemelha a uma fanfarra alternada de interlúdios contemplativos com colorações instrumentais variadas. Bravíssimo!