Neste mangá-documentário, que só poderia ser escrito por um japonês, a ridicularização não se desenrola em desrespeito, e o efeito cômico das histórias não contradiz o alcance trágico. A maturidade de Nakamura e Sakuraichi está em combinar a piada com uma belíssima mensagem de amor ao próximo (sim, isso mesmo que você leu), como se fosse alguém rindo de outra pessoa no chão e, ao mesmo tempo, lhe estendendo a mão.
Não há aqui nenhuma perspectiva pessimista, nem uma visão da vida como uma tragédia grega de sofrimento humano inevitável. Também não encontramos uma mensagem de otimismo ou qualquer bobagem do tipo "siga seus sonhos, tudo dará certo". Em resumo, "A Vida à Deriva" traz você, homem e mulher comuns, de volta ao lugar de onde nunca saiu: o mar de incertezas.