Vamos aos fatos. Este filme quase acabou com a carreira de Martin Scorsese.

Depois do sucesso estrondoso de público e crítica (principalmente) de Taxi Driver, Scorcese aparece com um filme pop, flertando com romances cinquentistas e musicais.

O filme teve uma recepção controversa pela crítica (uns gostaram e outros detestaram) e, em geral, péssima pelo público. Uma das piores audiências de sua carreira. Scorcese, em Easy Riders, Raging Bulls – conta que o fracasso de bilheterias desse filme o levou a depressão e para as drogas.

Obviamente, este filme não está à altura dos seus melhores trabalhos, mas também está longe de ser ruim e, de certa forma, até acho que ele foi (e ainda é) muito incompreendido.

Um pouco cansado de filmes profundos e estudos anatômicos de personagens complexos, Scorsese opta pela leveza de um romance convencional, por uma história menos intimista, pontuada pelo humor e pela música, conjugando a velha e a nova Hollywood.

A direção de Scorcese tem composições de imagens belíssimas e todas as técnicas sofisticadas bem amadurecidas que muito bem conhecemos.

A composição pictórica de algumas cenas feitas em estúdio sugere um óbvio caráter lúdico e fantasioso – de contos de fadas mesmo.

Robert de Niro está impagável. Intempestivo, galanteador, engraçado, patife e dominante. Embora Scorcese não estabeleça muito bem um contexto histórico para o seu próprio e apreensivo senso de violência, é um personagem que domina a tela como ninguém.

Liza Minnelli está adorável.

O filme se alonga (até demais) em incontáveis números musicais – todos ótimos.

Há um número musical maravilhoso de 13 minutos NO MEIO DO FILME chamado “Happy Endings”.

Para cada cena de intimidade, de diálogos (bem desinteressantes, diga-se de passagem) e de explosões emocionais, há um número musical correspondente.

Se você não estiver preparado para isso, vai achar o filme cansativo.

Se você entender a proposta do Scorsese e conhece bem o seu olhar contemplativo e documental da cultura americana, vai achar o filme uma maravilhosa homenagem a utopia americana, ao cinema americano e, principalmente, a música americana (do Jazz aos espetáculos da Broadway).

Eu, sinceramente, fiquei dividido. Provavelmente é um filme que não vou revisitar. Apenas rever as cenas musicais.

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