Camel é uma banda que conquistou popularidade com um disco que, nos dias de hoje, provavelmente a colocaria para sempre em um nicho específico.

Em 1975, o aclamado álbum instrumental The Snow Goose catapultou o nome da banda para o reconhecimento público em revistas especializadas, como Melody Maker, por meio de votações populares. Sim, houve uma época em que um disco completamente instrumental ganhava destaque em enquetes de revistas especializadas de grande circulação.

No final de 1975, aproveitando o sucesso, a banda passou três semanas compondo novas músicas para seu próximo álbum, Moonmadness, que foi gravado entre janeiro e fevereiro de 1976.

Este álbum, o quarto da carreira da banda, foi lançado em abril de 1976 pelas gravadoras Decca e Gama Records.

Moonmadness é o último disco gravado com a formação original da banda, composta por Andrew Latimer (guitarra, flauta e vocais nas faixas Another Night e Air Born), Peter Bardens (teclados e vocais na faixa Spirit of Water), Doug Ferguson (baixo e vocais na faixa Song Within a Song) e Andy Ward (bateria, percussão e voz na faixa de abertura, Aristillus).

Na época do lançamento, Latimer expressou grande satisfação com o álbum, apesar da pressão para concluí-lo rapidamente.

Ao contrário de seu antecessor, Moonmadness não é um álbum instrumental. Ele contém letras e segue um conceito vago, onde cada faixa foi inspirada pela personalidade de um dos membros da banda: “Air Born” para Andrew Latimer, “Chord Change” para Peter Bardens, “Another Night” para Doug Ferguson e “Lunar Sea” para Andy Ward.

Neste disco, o Camel mergulhou em guitarras e sintetizadores em camadas, algo semelhante ao que o Pink Floyd fez em Wish You Were Here.

Apesar de The Snow Goose ter sido popular, seria arriscado afirmar que um disco experimental completamente instrumental teria o mesmo êxito novamente – afinal, um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. É possível que houvesse uma certa pressão das gravadoras para que o álbum seguisse os fundamentos mais seguros do tradicional rock progressivo inglês (a.k.a. mais próximo do Pink Floyd), embora a banda ocasionalmente se aventure no território do jazz fusion com ritmos sincopados. Não adianta, gostem ou não, o Pink Floyd deixou uma marca indelével na indústria musical.

O disco apresenta belíssimos arranjos de teclados, flautas serpenteantes e vozes etéreas (com efeitos pontuais), orientadas por melodias que, pra mim, são encantadoras (que gay).

Flauta suave, piano Rhodes, Moog, órgão e guitarras melódicas (ao mesmo tempo ásperas) se combinam a uma cozinha simples, formando uma proposta que parece querer se aproximar da música do movimento canteburiano – a cena inglesa dos anos 60 que buscava a fusão de jazz, rock progressivo e psicodelia.

Em resumo, o álbum é excelente, e o pouco reconhecimento que ele recebe, com base no que ando lendo por aí, se deve principalmente à sua proposta menos ambiciosa em relação ao disco anterior.

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