13 minutos é tudo o que você precisa para ouvir as cinco músicas de HARAJUKU, projeto de deadperxx e djeii que mistura dream pop, trip hop, techno, ambiente e dance pop com reggaeton.

Tanto deadperxx quanto djeii são porto-riquenhos e ambos parecem ser produtores musicais ocasionais, com pouca exposição nas redes sociais e marcando presença apenas em redes muito específicas como SoundCloud e Bandcamp. deadperxx parece ser mais sociável, já que possui uma conta no Instagram, onde não posta muita coisa além de ocasionais fotos de divulgação de shows de seus raros projetos musicais e ilustrações que permeiam o universo gamer Y2K, especialmente na fase Dreamcast.

Apesar de serem low-profile, eles não escaparam do olhar jornalístico da Sabukaru, revista de cultura pop japonesa, que publicou uma matéria investigando a estranha conexão entre Porto Rico e Tóquio, começando na cultura do anime e se desenvolvendo na cultura dos carros.

A cultura do anime na América Latina floresceu de maneira formidável. Podemos rastrear essa influência nas principais cidades do México. Será difícil andar pela cidade e não encontrar algum grafite fazendo referência a Dragon Ball Z ou mesmo Sailor Moon.

A origem remonta ao canal Locomotion, que, de 1996 a 2005, bombardeou as TVs latinas (especialmente em captações clandestinas) não apenas com o que havia de mais popular na animação japonesa, mas também com coisas sofisticadas (e algumas não menos populares) como Serial Experiments Lain, Neon Genesis Evangelion, Super Milk Chan e Cowboy Bebop.

A entrada da cultura pop japonesa forneceu uma porta de entrada para um reino de experimentação e expressão criativa, abrindo um novo horizonte estético extremamente elegante, com cidades futuristas mergulhadas em cores neon e kanjis.

Em 2006, uma influência muito subestimada da invasão nipônica veio do terceiro filme da franquia Velozes e Furiosos, “Tokyo Drift”.

O tradicional gosto latino por carros extravagantes e corridas clandestinas encontrou em Tóquio uma correspondência imediata nos hashiriya.

A mistura de anime com carros é tão esquisita quanto Porto Rico com Japão, mas ela existe. Geralmente, os aficionados por animes são conhecidos como otakus, um termo pejorativo e depreciativo (sempre bom lembrar isso) para pessoas com sérios problemas sociais que vivem em um universo paralelo de animes e jogos. Os aficionados por carros, por outro lado, são geralmente identificados como bad boys despojados e ricos – basicamente o perfil universal que monopoliza todas as garotas bonitas e as descarta com a mesma facilidade com que as conquista.

HARAJUKU, o único disco de reggaeton que eu ouvi e gostei até agora, parece reunir todo esse contrassenso em uma proposta que mistura certa lascívia selvagem típica do bads boys/bosozoku com os tormentos do otaku/hikikomori perturbado em seu quarto escuro, sonhando com esposas robôs. O resultado dessa dialética se traduz em um som dançante e ao mesmo tempo cheio de experimentalismo weird.

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