Minha playlist de Bach para Alaúde, Cravo-Alaúde & Violão

7 interpretações fantásticas disponíveis no Spotfy do compositor alemão, cuidadosamente selecionadas por mim

Bach costumava ter uma predileção pelos extremos, como todo bom barroco. Ele é mais conhecido por seus trabalhos no som encorpado do órgão de tubos, trazendo beleza e severidade solene às músicas sacras. No entanto, o seu instrumento predileto (e o meu também) é o cravo-alaúde, com sua doce suavidade de pinçadas agudas.

Criei uma playlist com as minhas melhores descobertas no Spotfy das obras de Bach para Alaúde, Cravo-Alaúde e Violão.

Aqui separei apenas as performances individuais (ou, no máximo, duetos e quartetos do mesmo instrumento), sem acompanhamentos — como forma de destacar o instrumento principal.

Segue o link da playlist:
https://open.spotify.com/user/12165307130/playlist/0TiLJOmb6cH6gAF5eufSle?si=nOpEumo4QQ–c09au6v9SA

Obras que compõe a playlist e um breve comentários sobre seus intérpretes:

Bach, Js.: Lute-Harpsichord Music — BWV 996, 997, 998, 1000, 1006 A (Kim Heindel)

Kim Heindel é um cravista e organista norte-americano especializado na música de J.S. Bach e no período barroco.

Suas interpretações são admiradas pela fidedignidade e pelo respeito ao original.

Ele não é apenas um músico competente e historicamente informado, sua contribuição para a música clássica no “novo mundo” vai além das performances corretas — ele foi um empreendedor e um pioneiro técnico do cravo-alaúde no continente americano. Colaborou ativamente com a construção do primeiro instrumento nos Estados Unidos em 1988, em parceria com fabricante Willard Martin.

Sua interpretação nessa belíssima obra, com pinceladas nítidas do cravo-alaúde, reflete o esmero o respeito que o músico tem, não apenas com o compositor, mas com o período.

Bach, J.s.: Lute Suite, BWV 995; cello Suite №1 (Toyohiko Satoh)

Nascido em Tókio, Toyohiko Satoh estudou história da música com Tatsuo Minagawa e foi pupilo do lutenista pioneiro Eugen Müller-Dombois da Schola Cantorum Basiliensis em Basileia, Suíça.

Se dedicou de corpo e alma ao período barroco, ganhando prêmios e fazendo seu nome como um dos mais respeitáveis interpretes de Bach — e um dos mais admirados e autênticos lutenistas do mundo.

Bach: Suites Nos. 1, 2 & 3 — Arr. for Lute (Hopkinson Smith)

Saudado pelo San Francisco Chronicle como o melhor alaudista da atualidade, Hopkinson Smith vem se dedicando a música clássica desde os anos 70.

Ele é um dos pioneiros pela divulgação moderna da música barroca e renascentista tocada em instrumentos originais.

Desde os anos 80, vem se concentrando na música barroca e se especializando em viola de mão, alaúde barroco e renascentista, violão barroco e renascentista e teorba.

Bach: Lute Pieces Arr. for Ten-String Guitar (Stephan Schmidt)

Esta gravação do violonista Stephan Schmidt foi aclamada pela revista Fono Forum (especializada em música clássica e Jazz) como uma “nova referência para a transposição de alaúde para violão” e também foi aclamada pela BBC Music Magazine com 5 estrelas.

Bach Guitar Duo (Florindo Baldissera e Vittorino Nalato)

O dueto de violões dos italianos Florindo Baldissera e Vittorino Nalato imprimem um tempero mediterrâneo especial às composições do alemão.

Bach: Cello Suits for Guitar (Tilman Hoppstock)

Tilman Hoppstock, além de ser um reconhecido especialista em arranjos do período barroco, é um dos violonistas e um dos violoncelista mais aclamados do mundo — talvez não haja ninguém mais competente e adequado para reescrever obras de Bach, do violoncelo para o violão.

Bach, J.S.: Overture (Suite) Nos. 1–4 — Arr. for Guitar Quartet (Brazilian Guitar Quartet)

Fazendo aqui uma merecida menção ao Quarteto Brasileiro de Violões e esse maravilhoso trabalho (de todos dessa seleção, é o meu preferido).

O quarteto foi formado em 1988 e apresenta acuradas transcrições de obras de diversos períodos e estilos.

Ele é formado por Clemer Andreotti, Luiz Mantovani, Everton Gloeden e Tadeu do Amaral.

O grupo se diferencia pela presença dos violões de oito cordas de tessitura estendida que, aliados aos instrumentos tradicionais de seis cordas, permite a exploração de um repertório inédito e inusitado dentro do universo violonístico.

Eles foram vencedores do Grammy Latino de 2011 na categoria “melhor álbum de música clássica” na apresentação de obras de Villa-Lobos.

Assim como Florindo Baldissera e Vittorino Nalato temperaram a obra de Bach com o sabor mediterrâneo, o quarteto brasileiro imprime também suas raízes tropicais ao som do alemão.

A relação de Bach com os músicos é acadêmica. Gustavo Costa é especialista na transcrição de obras para violino de Bach pela USP (Universidade de São Paulo), Tadeu do Amaral trabalhou na FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau) apresentando vários projetos de repertórios de obras completas de Bach para alaúde. Everton Gloeden realizou a primeira audição brasileira da obra completa de Bach para alaúde, bem como recitais na Inglaterra, Alemanha (incluindo a Ópera de Frankfurt) e um recital de abertura no Festival Internacional de Guitarra de Caracas, na Venezuela, um dos mais conceituados do gênero no mundo.

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O podcast é apresentado por Gabriel Vince. Já foi estudante de filosofia, história, programação e jornalismo. Católico, latino e fã de Iron Maiden. Não dá pra ser mais aleatório que isso.

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