O Ashvamedha é um ritual de sacrifício de cavalo seguido pela tradição Śrauta. Trata-se de um dos mais importantes e célebres rituais védicos.
Esse ritual era realizado quando um rei derrotava outro em um contexto de guerra. Ele foi usado pelos antigos reis indianos para provar sua soberania imperial.
O ritual era precedido por uma espécie de jogo. O cavalo sacrificado era deixado em liberdade com outros 100 cavalos durante um ano. No território atravessado pelo cavalo, qualquer rival poderia contestar a autoridade do rei, desafiando os guerreiros que o acompanhavam. Depois de um ano, se nenhum inimigo tivesse conseguido matar ou capturar o cavalo, o animal seria guiado de volta para a capital do rei, onde seria sacrificado, e o rei seria declarado um soberano indiscutível.
O ritual propriamente dito durava três dias.
O primeiro dia era dedicado à preparação do rito. No segundo dia, numerosos animais domésticos eram imolados, formando uma trilha de sangue na qual o sacrifício mais importante seria realizado. É neste segundo dia que o cavalo, que doravante encarnava o deus Prajapati, é sufocado.
Depois, quatro rainhas, cada uma acompanhada de cem aias, passavam em volta do cadáver, e a esposa principal deitava-se ao lado dele, coberta por uma manta. A rainha principal deitava-se, e o sacerdote orientava o pênis do cavalo na direção da vagina da rainha, simulando uma união sexual (e o nascimento de um novo rei).
Logo que a rainha se punha de pé, tanto o cavalo quanto as outras vítimas (os animais domésticos que foram sacrificados) eram esquartejados. O sacerdote levava as partes desmembradas dos animais principais e montava-os no chão com a cabeça da cabra apontada para o oeste, e os outros dois animais apontando ao leste.
O terceiro dia marcava o encerramento, com a limpeza do pátio e o pagamento dos honorários (dakshina), que eram distribuídos aos sacerdotes.
O sacrifício do cavalo é certamente de origem indo-europeia. Rituais parecidos são encontrados entre germânicos, iranianos, gregos, latinos, armênios, massagetas e dálmatas. Na versão germânica do rito, o cavalo é ferido por uma lança e pendurado numa árvore por nove noites.
Conta-se que o sacrifício do cavalo seria a substituição do rei vencido – e que antigamente, antes da formalização do rito, não era o cavalo que protagonizava o ritual, mas o próprio rei derrotado.
É possível que o rito tenha se modificado, mas mesmo assim, permaneceu controverso. Em tempos históricos, a prática foi condenada pelo Buda (assim como ele condenava diversas outras práticas do ritual védico) e, por sua influência, parece ter sofrido um declínio, mas foi revivida por Pushyamitra Shunga (que reinou de 187 a 151 a.C.) e pode ter continuado até o século XI.