Taverna do Lugar Nenhum » profeta chorão
A minha intenção era fazer o review do primeiro disco do Yellow Magic Orchestra e, ao ler sobre o disco, acabei fazendo um artigo sobre a conexão entre Hip Hop, Video Games e Xintoísmo.
Saiu melhor do que eu imaginava.
https://tavernadolugarnenhum.com.br/resenha/yellow-magic-orchestra/
Maio 16
A minha intenção era fazer o review do primeiro disco do Yellow Magic Orchestra e, ao ler sobre o disco, acabei fazendo um artigo sobre a conexão entre Hip Hop, Video Games e Xintoísmo.
Saiu melhor do que eu imaginava.
https://tavernadolugarnenhum.com.br/resenha/yellow-magic-orchestra/
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Porto ...
The Apparition segue sendo minha obra favorita de Gustave Moreau e a música que eu menos gosto do Iron Maiden
Maio 14
The Apparition segue sendo minha obra favorita de Gustave Moreau e a música que eu menos gosto do Iron Maiden ...
Eu não estou nem ai para o mapa invertido do IBGE.
Um mapa que ignora as serpentes marinha, o Kraken, a Hydra, a Ceto primordial, o Jormungand nos mares nórdicos, o Leviatã, a Lusca caribenha que arrasta pescadores para o abismo, as bestas gaélicas que açoitam as costas da Irlanda, os monstros africanos que espreitam nos rios do Congo, as criaturas asiáticas que habitam os mitos de Yokohama, os grandes cetáceos dos contos inuit, as sereias traiçoeiras dos cais abandonados, o Makara, o Umibōzu no mar do Japão, o Bakunawa filipino que devora a lua, o Akkorokamui das lendas ainu, o Morgawr, o Hippocampo, o Nuckelavee, Tiamat, Zaratan e até o temido Qalupalik — é um mapa que NÃO VALE NADA.
Em suma, não é o mapa do IBGE que está invertido — o mundo atual inteiro é que é um mundo invertido. O mapa do IBGE não passa de uma paródia involuntária e redundante.
Maio 13
Eu não estou nem ai para o mapa invertido do IBGE.
Um mapa que ignora as serpentes marinha, o Kraken, a Hydra, a Ceto primordial, o Jormungand nos mares nórdicos, o Leviatã, a Lusca caribenha que arrasta pescadores para o abismo, as bestas gaélicas que açoitam as costas da Irlanda, os monstros africanos que espreitam nos rios do Congo, as criaturas asiáticas que habitam os mitos de Yokohama, os grandes cetáceos dos contos inuit, as sereias traiçoeiras dos cais abandonados, o Makara, o Umibōzu no mar do Japão, o Bakunawa filipino que devora a lua, o Akkorokamui das lendas ainu, o Morgawr, o Hippocampo, o Nuckelavee, Tiamat, Zaratan e até o temido Qalupalik — é um mapa que NÃO VALE NADA.
Em suma, não é o mapa do IBGE que está invertido — o mundo atual inteiro é que é um mundo invertido. O mapa do IBGE não passa de uma paródia involuntária e redundante.
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Nüwa (女娲) reparando o pilar do céu derrubado por Huangdi (黃帝).
Um macete que aprendi com o tio Eliade: quando uma entidade aparece realizando tarefas mecânicas — como carregar pedras, construir ou reparar coisas —, geralmente estamos diante de uma figura inserida numa epopeia heroica. Trata-se, em muitos casos, de um demiurgo civilizador de traços prometeicos ou de um homem primordial (como Adão).
Essas entidades, curiosamente, costumam ser as mesmas que criam a humanidade. Nüwa, por exemplo, assim como Prometeu, moldou os seres humanos individualmente em argila. A lenda diz que ela usou argila amarela para formar os nobres e ricos, e lama marrom para os pobres e plebeus.
Maio 13
Nüwa (女娲) reparando o pilar do céu derrubado por Huangdi (黃帝).
Um macete que aprendi com o tio Eliade: quando uma entidade aparece realizando tarefas mecânicas — como carregar pedras, construir ou reparar coisas —, geralmente estamos diante de uma figura inserida numa epopeia heroica. Trata-se, em muitos casos, de um demiurgo civilizador de traços prometeicos ou de um homem primordial (como Adão).
Essas entidades, curiosamente, costumam ser as mesmas que criam a humanidade. Nüwa, por exemplo, assim como Prometeu, moldou os seres humanos individualmente em argila. A lenda diz que ela usou argila amarela para formar os nobres e ricos, e lama marrom para os pobres e plebeus.
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Esta é a última leva de ensaios, artigos e estudos pessoais publicados nesta grande base de dados de palpites que é o Taverna do Lugar Nenhum.
Se você quiser saber o que acontece com a cabeça de um sujeito que está com hiperfoco em Machado de Assis, Identidade Brasileira, Nouvelle Vague de Hong Kong e Mircea Eliade, essa é a oportunidade.
Aproveite antes que eu fique demente.
Como os mitos de origem e ordenação do mundo na China rimam com os de outras culturas
https://tavernadolugarnenhum.com.br/mircea-eliade/historia-das-crencas-e-das-ideias-religiosas/como-os-mitos-de-origem-e-ordenacao-do-mundo-na-china-rimam-com-os-de-outras-culturas/
Em defesa do Indianismo
https://tavernadolugarnenhum.com.br/sergio-buarque-de-holanda/as-raizes-do-brasil/em-defesa-do-indianismo/
Brasil, Mormaço Colonial e Sinuosidade Lusitana
https://tavernadolugarnenhum.com.br/sergio-buarque-de-holanda/as-raizes-do-brasil/brasil-mormaco-colonial-e-sinuosidade-lusitana/
A Crítica do Humor ao Horror
https://tavernadolugarnenhum.com.br/literatura/literatura-brasileira/machado-de-assis/a-vida-eterna-e-esqueleto-de-machado-de-assis-a-critica-do-humor-ao-horror/
Maio 12
Esta é a última leva de ensaios, artigos e estudos pessoais publicados nesta grande base de dados de palpites que é o Taverna do Lugar Nenhum.
Se você quiser saber o que acontece com a cabeça de um sujeito que está com hiperfoco em Machado de Assis, Identidade Brasileira, Nouvelle Vague de Hong Kong e Mircea Eliade, essa é a oportunidade.
Aproveite antes que eu fique demente.
Como os mitos de origem e ordenação do mundo na China rimam com os de outras culturas
https://tavernadolugarnenhum.com.br/mircea-eliade/historia-das-crencas-e-das-ideias-religiosas/como-os-mitos-de-origem-e-ordenacao-do-mundo-na-china-rimam-com-os-de-outras-culturas/
Em defesa do Indianismo
https://tavernadolugarnenhum.com.br/sergio-buarque-de-holanda/as-raizes-do-brasil/em-defesa-do-indianismo/
Brasil, Mormaço Colonial e Sinuosidade Lusitana
https://tavernadolugarnenhum.com.br/sergio-buarque-de-holanda/as-raizes-do-brasil/brasil-mormaco-colonial-e-sinuosidade-lusitana/
A Crítica do Humor ao Horror
https://tavernadolugarnenhum.com.br/literatura/literatura-brasileira/machado-de-assis/a-vida-eterna-e-esqueleto-de-machado-de-assis-a-critica-do-humor-ao-horror/
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((☀️)) ...
Acabei de ver o filme "Siu Ngo Gong", lançado em 1990.
Trata-se de uma adaptação cinematográfica dirigida por King Hu de um romance wuxia.
A história ocorre em meio às intrigas na dinastia Ming e envolve o roubo de um pergaminho secreto que concede habilidades incríveis a quem o dominar.
Vou falar mais do gênero do que do filme.
O wuxia é exagerado, acrobático e visivelmente mais circense do que marcial. Suas lutas são excessivamente coreografadas e se assemelham mais a um balé do que a um combate.
Pode-se dizer que o wuxia tem mais proximidade com a ópera do que com o cinema. Nas óperas, os exageros — tanto dramáticos quanto cômicos — são elementos distintivos, e o gênero abraça essa herança sem hesitação.
Uma coisa importante a se considerar: o humor autorreferente no wuxia é evidente. Trata-se de uma característica intrínseca do gênero que se repete com notável consistência; em todos, absolutamente TODOS os wuxias isso está presente. O que torna patéticas as tentativas ocidentais de parodiá-lo: como zombar de algo que já ri de si mesmo? Os próprios heróis frequentemente servem como alívio cômico, equilibrando épico e ridículo com naturalidade (e, neste filme, não é diferente).
As lutas, todas maravilhosamente inverossímeis (e engraçadas), não apenas possuem a plasticidade de uma dança, mas também refletem uma cosmovisão espiritual tipicamente chinesa.
Os lutadores não apenas demonstram precisão matemática em cada movimento, como também controlam os ventos, saltam sobre castelos e explodem montanhas com um soco. E, acreditem, nada disso está ligado a "poderes sobrenaturais".
Mircea Eliade descreve como a religião chinesa foi, aos poucos, naturalizando o sobrenatural — a ponto de se tornar, curiosamente, uma expressão de um transcendentalismo imanente.
O que permite a esses guerreiros realizar tais feitos é sempre alguma "técnica ancestral", um conhecimento secreto guardado nas bibliotecas de cidades sagradas. Não à toa, histórias "prometeicas" sobre pergaminhos roubados são comuns no gênero.
Por causa de Eliade, venci tanto boomer que vê "mentirada" em tudo quanto o cinéfilo blasé que não vê nesses filmes nada além do entretenimento exótico.
Maio 11
Acabei de ver o filme "Siu Ngo Gong", lançado em 1990.
Trata-se de uma adaptação cinematográfica dirigida por King Hu de um romance wuxia.
A história ocorre em meio às intrigas na dinastia Ming e envolve o roubo de um pergaminho secreto que concede habilidades incríveis a quem o dominar.
Vou falar mais do gênero do que do filme.
O wuxia é exagerado, acrobático e visivelmente mais circense do que marcial. Suas lutas são excessivamente coreografadas e se assemelham mais a um balé do que a um combate.
Pode-se dizer que o wuxia tem mais proximidade com a ópera do que com o cinema. Nas óperas, os exageros — tanto dramáticos quanto cômicos — são elementos distintivos, e o gênero abraça essa herança sem hesitação.
Uma coisa importante a se considerar: o humor autorreferente no wuxia é evidente. Trata-se de uma característica intrínseca do gênero que se repete com notável consistência; em todos, absolutamente TODOS os wuxias isso está presente. O que torna patéticas as tentativas ocidentais de parodiá-lo: como zombar de algo que já ri de si mesmo? Os próprios heróis frequentemente servem como alívio cômico, equilibrando épico e ridículo com naturalidade (e, neste filme, não é diferente).
As lutas, todas maravilhosamente inverossímeis (e engraçadas), não apenas possuem a plasticidade de uma dança, mas também refletem uma cosmovisão espiritual tipicamente chinesa.
Os lutadores não apenas demonstram precisão matemática em cada movimento, como também controlam os ventos, saltam sobre castelos e explodem montanhas com um soco. E, acreditem, nada disso está ligado a "poderes sobrenaturais".
Mircea Eliade descreve como a religião chinesa foi, aos poucos, naturalizando o sobrenatural — a ponto de se tornar, curiosamente, uma expressão de um transcendentalismo imanente.
O que permite a esses guerreiros realizar tais feitos é sempre alguma "técnica ancestral", um conhecimento secreto guardado nas bibliotecas de cidades sagradas. Não à toa, histórias "prometeicas" sobre pergaminhos roubados são comuns no gênero.
Por causa de Eliade, venci tanto boomer que vê "mentirada" em tudo quanto o cinéfilo blasé que não vê nesses filmes nada além do entretenimento exótico.
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Mesmo que o número de católicos esteja diminuindo, está longe de ser o pior momento. Houve época em que eram centenas, em que eram doze.
Não importa.
Não há como negar a centralidade da Igreja e, em especial, do Papa no mundo — neste aqui, no mundinho material.
A quantidade de gente de outras religiões e até mesmo não religiosos, ou mesmo antirreligiosos, dando palpite sobre o papado é impressionante.
Parafraseando o grande @pergunteaorasta, a Igreja foi fundada, e inúmeros triplex foram inaugurados simultaneamente nas cabeças ao redor do mundo.
Podem discordar se ele é bom, mau, conservador, progressista — só não podem discordar que ele está em um trono.
Em "termos evolianos" (lembram do Evola? Tá meio sumido, o menino), antes de toda e qualquer realidade divina que o justifique, é o único representante cristalino de uma monarquia realmente tradicional — aquela que existe por si só e em que todo o resto orbita.
Toda essa agitação é uma confirmação visível pra mim.
...
"As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si isquentá
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansá"
Adoniran Barbosa
Maio 10
Mesmo que o número de católicos esteja diminuindo, está longe de ser o pior momento. Houve época em que eram centenas, em que eram doze.
Não importa.
Não há como negar a centralidade da Igreja e, em especial, do Papa no mundo — neste aqui, no mundinho material.
A quantidade de gente de outras religiões e até mesmo não religiosos, ou mesmo antirreligiosos, dando palpite sobre o papado é impressionante.
Parafraseando o grande @pergunteaorasta, a Igreja foi fundada, e inúmeros triplex foram inaugurados simultaneamente nas cabeças ao redor do mundo.
Podem discordar se ele é bom, mau, conservador, progressista — só não podem discordar que ele está em um trono.
Em "termos evolianos" (lembram do Evola? Tá meio sumido, o menino), antes de toda e qualquer realidade divina que o justifique, é o único representante cristalino de uma monarquia realmente tradicional — aquela que existe por si só e em que todo o resto orbita.
Toda essa agitação é uma confirmação visível pra mim.
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"As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si isquentá
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansá"
Adoniran Barbosa
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O diálogo entre Félix e Lívia, no capítulo XI de Ressurreição, de Machado de Assis, no qual Lívia revela seu passado e Félix se abre francamente sobre suas inseguranças, mostra como o autor consegue delinear com notável precisão a estrutura de um relacionamento — especialmente de um relacionamento em crise.
Do lado de Lívia, ele descreve o choque entre o sonho e a realidade.
Lívia, viúva, fala a Félix sobre seu casamento anterior. Diz que amava verdadeiramente o marido — com o romantismo típico das jovens. Ele, por sua vez, embora fosse um homem bom, amava com moderação: um amor conjugal, sem ardores, sem asas e sem ilusões.
Ela conta que tentou envolvê-lo na atmosfera de seus sentimentos, mas ele se mantinha apático, frio e, com o tempo, cansado de suas tentativas.
Contrita, Lívia diz a Félix que perturbou a paz doméstica em nome de um sonho infantil. Talvez “contrita” não seja o termo exato — talvez apenas triste, simplesmente triste. Afinal, ela afirma que não conseguiria ser de outro modo: seria “defeituosa” e estaria “amaldiçoada” a querer demais e receber pouco.
Já o relato de Félix soa mais sombrio.
Galanteador, como já fora dito, ele admite ter desperdiçado seus afetos mais generosos em conquistas vazias, sem cálculo e sem arrependimento. A falsidade da corte e as palavras sentimentais ocas transformaram-se, para ele, em uma crença sólida na vacuidade dos sentimentos. Toda expressão de afeto, toda promessa, foi perdendo o significado e ganhando feições de falsidade. Não percebia que os sucessivos “amores de verão”, com suas palavras e promessas vazias, deixavam seu espírito árido e seco. Sem se dar conta, a misantropia invadiu seu coração — primeiro de forma irritada e violenta, depois, resignada e melancólica.
Enquanto Lívia abraçava o cadáver de um sonho frustrado, Félix abraçava a própria serpente: o diabo, a mentira, a desesperança e o amor envenenado.
Nunca foi sincero — e agora, toda entrega sincera ao amor, para ele, carrega a marca da desconfiança.
Acredito que esse romance, que leio pela primeira vez, vai ressignificar profundamente o modo como enxergo os personagens masculinos e femininos dos próximos romances que pretendo reler.
Maio 10
O diálogo entre Félix e Lívia, no capítulo XI de Ressurreição, de Machado de Assis, no qual Lívia revela seu passado e Félix se abre francamente sobre suas inseguranças, mostra como o autor consegue delinear com notável precisão a estrutura de um relacionamento — especialmente de um relacionamento em crise.
Do lado de Lívia, ele descreve o choque entre o sonho e a realidade.
Lívia, viúva, fala a Félix sobre seu casamento anterior. Diz que amava verdadeiramente o marido — com o romantismo típico das jovens. Ele, por sua vez, embora fosse um homem bom, amava com moderação: um amor conjugal, sem ardores, sem asas e sem ilusões.
Ela conta que tentou envolvê-lo na atmosfera de seus sentimentos, mas ele se mantinha apático, frio e, com o tempo, cansado de suas tentativas.
Contrita, Lívia diz a Félix que perturbou a paz doméstica em nome de um sonho infantil. Talvez “contrita” não seja o termo exato — talvez apenas triste, simplesmente triste. Afinal, ela afirma que não conseguiria ser de outro modo: seria “defeituosa” e estaria “amaldiçoada” a querer demais e receber pouco.
Já o relato de Félix soa mais sombrio.
Galanteador, como já fora dito, ele admite ter desperdiçado seus afetos mais generosos em conquistas vazias, sem cálculo e sem arrependimento. A falsidade da corte e as palavras sentimentais ocas transformaram-se, para ele, em uma crença sólida na vacuidade dos sentimentos. Toda expressão de afeto, toda promessa, foi perdendo o significado e ganhando feições de falsidade. Não percebia que os sucessivos “amores de verão”, com suas palavras e promessas vazias, deixavam seu espírito árido e seco. Sem se dar conta, a misantropia invadiu seu coração — primeiro de forma irritada e violenta, depois, resignada e melancólica.
Enquanto Lívia abraçava o cadáver de um sonho frustrado, Félix abraçava a própria serpente: o diabo, a mentira, a desesperança e o amor envenenado.
Nunca foi sincero — e agora, toda entrega sincera ao amor, para ele, carrega a marca da desconfiança.
Acredito que esse romance, que leio pela primeira vez, vai ressignificar profundamente o modo como enxergo os personagens masculinos e femininos dos próximos romances que pretendo reler.
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KYOTO / TOKYO / OKINAWA ...
Enquanto vocês discutem o Papa vai de franguinho ...