Taverna do Lugar Nenhum » Princípio Tecnoantrópico
Mariya Takeuchi é uma figura influente da música japonesa, com milhões de discos vendidos.
No entanto, até 1984, o sucesso dela poderia ser considerado um fenômeno local.
Foi em 1985 que ela fez talvez a coisa mais importante de sua carreira – algo que não seria imediatamente reconhecido, mas que, quase 30 anos depois, se tornaria a peça essencial de um fenômeno futuro: a música Plastic Love.
Plastic Love se tornou o centro de uma inesperada e repentina onda de resgate da música japonesa dos anos 80, conquistando grande interesse por esse gênero no início da década de 2010. Sim, 25 anos depois de seu lançamento.
Quando a música foi carregada no YouTube pela primeira vez, rapidamente acumulou 67 milhões de visualizações.
Isso se deve ao fenômeno vaporwave, que basicamente adotou a música como um símbolo.
O vaporwave é um gênero estético que surgiu no início dos anos 2010, caracterizado por uma forte ênfase na nostalgia, no retrofuturismo e na “celebração crítica” do capitalismo.
O City Pop se encaixava perfeitamente nesse fenômeno, pois o Japão dos anos 80 recriava toda essa atmosfera com precisão.
Podemos entender o fenômeno do City Pop de duas maneiras: de forma orgânica, como um estilo musical de uma época e lugar específicos, e de forma artificial, como um fenômeno de "acidente virtual", do qual sou parte.
Sou um ouvinte tardio de City Pop e estou consciente de que meu senso de nostalgia em relação a esse tipo de música é tão artificial quanto o "amor de plástico" sugerido no título da canção.
Mas por que eu deveria me preocupar com isso?
Não tenho vergonha de dizer que fui pego pelo hype, pela modinha, que me rendi às recomendações do algoritmo e que estou adorando.
As músicas são realmente boas, mas, além disso, me vejo como cobaia voluntária de um típico fenômeno digital de recomendação e recriação artificial de fenômenos culturais.
Estou feliz com isso.
Mariya Takeuchi também deve estar adorando. Ela, que nunca parou de trabalhar, viu o interesse por sua música crescer novamente de forma repentina.
Em 2020, 36 anos depois, ela voltou milagrosamente ao primeiro lugar nas paradas de sucesso.
Está todo mundo feliz.
Jan 15
Mariya Takeuchi é uma figura influente da música japonesa, com milhões de discos vendidos.
No entanto, até 1984, o sucesso dela poderia ser considerado um fenômeno local.
Foi em 1985 que ela fez talvez a coisa mais importante de sua carreira – algo que não seria imediatamente reconhecido, mas que, quase 30 anos depois, se tornaria a peça essencial de um fenômeno futuro: a música Plastic Love.
Plastic Love se tornou o centro de uma inesperada e repentina onda de resgate da música japonesa dos anos 80, conquistando grande interesse por esse gênero no início da década de 2010. Sim, 25 anos depois de seu lançamento.
Quando a música foi carregada no YouTube pela primeira vez, rapidamente acumulou 67 milhões de visualizações.
Isso se deve ao fenômeno vaporwave, que basicamente adotou a música como um símbolo.
O vaporwave é um gênero estético que surgiu no início dos anos 2010, caracterizado por uma forte ênfase na nostalgia, no retrofuturismo e na “celebração crítica” do capitalismo.
O City Pop se encaixava perfeitamente nesse fenômeno, pois o Japão dos anos 80 recriava toda essa atmosfera com precisão.
Podemos entender o fenômeno do City Pop de duas maneiras: de forma orgânica, como um estilo musical de uma época e lugar específicos, e de forma artificial, como um fenômeno de "acidente virtual", do qual sou parte.
Sou um ouvinte tardio de City Pop e estou consciente de que meu senso de nostalgia em relação a esse tipo de música é tão artificial quanto o "amor de plástico" sugerido no título da canção.
Mas por que eu deveria me preocupar com isso?
Não tenho vergonha de dizer que fui pego pelo hype, pela modinha, que me rendi às recomendações do algoritmo e que estou adorando.
As músicas são realmente boas, mas, além disso, me vejo como cobaia voluntária de um típico fenômeno digital de recomendação e recriação artificial de fenômenos culturais.
Estou feliz com isso.
Mariya Takeuchi também deve estar adorando. Ela, que nunca parou de trabalhar, viu o interesse por sua música crescer novamente de forma repentina.
Em 2020, 36 anos depois, ela voltou milagrosamente ao primeiro lugar nas paradas de sucesso.
Está todo mundo feliz.
...
POWER UP ...
Achei o tamanho inversamente proporcional à precisão. BANGER. ...
AKIRA ...
Are you still galloping, man? ...
Uma coisa interessante do filme Nosferatu, de Murnau, é que ele criou uma identidade tão própria que é até possível considerá-lo uma obra independente, distinta até mesmo da fonte literária em que se baseia: Drácula, de Bram Stoker.
No entanto, o culto a Nosferatu não deriva apenas da obra original e o filme, muito menos, parece pertencer à mesma categoria de “filmes sobre Drácula” que vemos por ai.
Há diversos filmes sobre Drácula, e há Nosferatu.
A estética expressionista do filme revela de maneira explícita os temas subjacentes no livro: o anti-iluminismo, a crítica à soberba científica e ao racionalismo, a ode à sensibilidade medieval e à religião, a pulsão erótica vinculada à pulsão de morte, o magnetismo sexual do repulsivo, do bestial e até mesmo do demoníaco, além da atração e oposição mútua entre o masculino e o feminino.
Este filme consolidou sua própria matriz, que foi revisitada de forma brilhante em 1979 por Werner Herzog e, mais recentemente, em 2024, por Robert Eggers.
Eggers mais uma vez fez um excelente trabalho, prestando uma bela homenagem a esse clássico, fazendo o que ele sabe fazer de melhor: manipulação de luz, sombra e som.
Eu saí do cinema sem saber identificar claramente em quais cenas havia violência explícita e em quais havia apenas uma forte sugestão dela.
A alternância entre o sugestivo e o manifesto é algo que Eggers domina.
A sonoplastia também desempenha um papel crucial, imergindo o espectador em cada cena. Ela se conecta à atmosfera do filme, às sombras, e até parece complementar diálogos que são ao mesmo tempo artificialmente poéticos e naturais – muitas vezes enfatizando aquilo que o próprio personagem é.
O Conde Orlok, por exemplo, fala com extrema dificuldade, o que lhe confere uma beleza quase indescritível.
Ele convence tanto como uma criatura repugnante quanto como um sedutor.
Sua voz sugere dor, sofrimento, cansaço, mas, ao mesmo tempo, é poderosa e máscula. Essa masculinidade não obscurece sua sensibilidade, sua obsessão e sua dor, que se expandem em metáforas épicas – como quando ele se compara aos ventos no mar, revelando uma mistura de fidalguia aristocrática e romantismo baroniano.
Jan 11
Uma coisa interessante do filme Nosferatu, de Murnau, é que ele criou uma identidade tão própria que é até possível considerá-lo uma obra independente, distinta até mesmo da fonte literária em que se baseia: Drácula, de Bram Stoker.
No entanto, o culto a Nosferatu não deriva apenas da obra original e o filme, muito menos, parece pertencer à mesma categoria de “filmes sobre Drácula” que vemos por ai.
Há diversos filmes sobre Drácula, e há Nosferatu.
A estética expressionista do filme revela de maneira explícita os temas subjacentes no livro: o anti-iluminismo, a crítica à soberba científica e ao racionalismo, a ode à sensibilidade medieval e à religião, a pulsão erótica vinculada à pulsão de morte, o magnetismo sexual do repulsivo, do bestial e até mesmo do demoníaco, além da atração e oposição mútua entre o masculino e o feminino.
Este filme consolidou sua própria matriz, que foi revisitada de forma brilhante em 1979 por Werner Herzog e, mais recentemente, em 2024, por Robert Eggers.
Eggers mais uma vez fez um excelente trabalho, prestando uma bela homenagem a esse clássico, fazendo o que ele sabe fazer de melhor: manipulação de luz, sombra e som.
Eu saí do cinema sem saber identificar claramente em quais cenas havia violência explícita e em quais havia apenas uma forte sugestão dela.
A alternância entre o sugestivo e o manifesto é algo que Eggers domina.
A sonoplastia também desempenha um papel crucial, imergindo o espectador em cada cena. Ela se conecta à atmosfera do filme, às sombras, e até parece complementar diálogos que são ao mesmo tempo artificialmente poéticos e naturais – muitas vezes enfatizando aquilo que o próprio personagem é.
O Conde Orlok, por exemplo, fala com extrema dificuldade, o que lhe confere uma beleza quase indescritível.
Ele convence tanto como uma criatura repugnante quanto como um sedutor.
Sua voz sugere dor, sofrimento, cansaço, mas, ao mesmo tempo, é poderosa e máscula. Essa masculinidade não obscurece sua sensibilidade, sua obsessão e sua dor, que se expandem em metáforas épicas – como quando ele se compara aos ventos no mar, revelando uma mistura de fidalguia aristocrática e romantismo baroniano.
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só preciso de duas coisas ...
Delivery ...
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Post de apreciação de Fernanda Torres corpcore post-punk em Selva de Pedra, 1986.
Jan 6
Post de apreciação de Fernanda Torres corpcore post-punk em Selva de Pedra, 1986. ...
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Bela Lugosi moments before becoming Dracula, 1931 ...