iconoclastia religiosa
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DRIP ...
Dom Jaime de Barros Câmara (DRIP) retratado pelo pintor francês Serge Ivanoff em 1947.
Mar 21
Dom Jaime de Barros Câmara (DRIP) retratado pelo pintor francês Serge Ivanoff em 1947. ...
DRIP ...
Kurt ...
DRIP ...
📷 Eren Sarigul ...
Abertura do álbum Fantasy (Gensoukyoku, 1983), de Akina Nakamori.
A letra é, basicamente, uma série de perguntas:
"Você está trabalhando muito?" , "Já foi viajar?", "Está escrevendo cartas?", "Está fazendo ligações longas?", "Está assistindo filmes?" "Está ouvindo bons discos?", "Consegue dormir à noite?", "Está sofrendo?", "Está feliz?"
Mar 18
Abertura do álbum Fantasy (Gensoukyoku, 1983), de Akina Nakamori.
A letra é, basicamente, uma série de perguntas:
"Você está trabalhando muito?" , "Já foi viajar?", "Está escrevendo cartas?", "Está fazendo ligações longas?", "Está assistindo filmes?" "Está ouvindo bons discos?", "Consegue dormir à noite?", "Está sofrendo?", "Está feliz?"
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Boat People é um filme dirigido pela cineasta honconguesa Ann Hui, lançado em 1982.
Dentre os filmes que vi até agora, este é, sem dúvida, o melhor e também o mais controverso.
A história se passa no Vietnã pós-guerra, acompanhando Akutagawa, um fotojornalista japonês alinhado ao regime comunista, que documenta a vida no país. Inicialmente otimista, ele logo testemunha a pobreza, repressão e violência do regime. Em Danang, conhece Cam Nuong, uma jovem cuja mãe trabalha como prostituta para sustentar os filhos, Nhac e Lang.
Desiludido, Akutagawa vende sua câmera para ajudar Cam e Lang a fugir em um barco precário, rumo a segurança.
O termo "boat people", que dá título ao filme, refere-se aos refugiados que fugiam de seus países em embarcações precárias, muitas vezes enfrentando condições extremamente perigosas em busca de asilo e melhores condições de vida. Esse fenômeno ganhou destaque global após a Guerra do Vietnã, quando milhões de vietnamitas, cambojanos e laosianos fugiram de perseguições políticas, conflitos armados e pobreza.
Os principais destinos eram países do sudeste asiático, como Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas e, principalmente, Hong Kong, então um protetorado britânico.
O contexto político do filme é complexo, assim como sua repercussão e produção.
Curiosamente, trata-se de um filme com nuances anticomunistas, protagonizado por um japonês e produzido com a cooperação do governo da República Popular da China.
Para entender essa aparente contradição, é necessário desvencilhar-se de noções simplistas sobre política.
As relações entre os países comunistas da região eram marcadas por tensões e rivalidades, muitas vezes mais intensas do que as que existiam com os países capitalistas.
Ann Hui, como boa honconguesa, ficou no meio desse fogo cruzado entre comunistas, dentro de um protetorado que assistia de camarote uma competição pra ver quem era o pior.
No meio disso tudo, ela enfatizou, diplomaticamente, que sua intenção não era fazer um filme anti-vietnamita, mas sim retratar o sofrimento de pessoas reais. Aquelas que esquecemos que existem no meio de todas essas fantasias ideológicas.
Em suma, filme sensacional.
⭐⭐⭐⭐⭐
Mar 17
Boat People é um filme dirigido pela cineasta honconguesa Ann Hui, lançado em 1982.
Dentre os filmes que vi até agora, este é, sem dúvida, o melhor e também o mais controverso.
A história se passa no Vietnã pós-guerra, acompanhando Akutagawa, um fotojornalista japonês alinhado ao regime comunista, que documenta a vida no país. Inicialmente otimista, ele logo testemunha a pobreza, repressão e violência do regime. Em Danang, conhece Cam Nuong, uma jovem cuja mãe trabalha como prostituta para sustentar os filhos, Nhac e Lang.
Desiludido, Akutagawa vende sua câmera para ajudar Cam e Lang a fugir em um barco precário, rumo a segurança.
O termo "boat people", que dá título ao filme, refere-se aos refugiados que fugiam de seus países em embarcações precárias, muitas vezes enfrentando condições extremamente perigosas em busca de asilo e melhores condições de vida. Esse fenômeno ganhou destaque global após a Guerra do Vietnã, quando milhões de vietnamitas, cambojanos e laosianos fugiram de perseguições políticas, conflitos armados e pobreza.
Os principais destinos eram países do sudeste asiático, como Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas e, principalmente, Hong Kong, então um protetorado britânico.
O contexto político do filme é complexo, assim como sua repercussão e produção.
Curiosamente, trata-se de um filme com nuances anticomunistas, protagonizado por um japonês e produzido com a cooperação do governo da República Popular da China.
Para entender essa aparente contradição, é necessário desvencilhar-se de noções simplistas sobre política.
As relações entre os países comunistas da região eram marcadas por tensões e rivalidades, muitas vezes mais intensas do que as que existiam com os países capitalistas.
Ann Hui, como boa honconguesa, ficou no meio desse fogo cruzado entre comunistas, dentro de um protetorado que assistia de camarote uma competição pra ver quem era o pior.
No meio disso tudo, ela enfatizou, diplomaticamente, que sua intenção não era fazer um filme anti-vietnamita, mas sim retratar o sofrimento de pessoas reais. Aquelas que esquecemos que existem no meio de todas essas fantasias ideológicas.
Em suma, filme sensacional.
⭐⭐⭐⭐⭐
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👑 ...
Machado de Assis mantém uma relação íntima com Santo Agostinho, e talvez Memórias Póstumas de Brás Cubas seja a obra do cânone literário brasileiro que mais dialoga com Confissões.
A pseudobiografia de Brás Cubas encontra em Agostinho de Hipona diversos paralelos estilísticos e biográficos que merecem ser destacados.
Tanto Confissões quanto Memórias Póstumas de Brás Cubas apresentam uma narrativa em primeira pessoa que explora a vida interior de seus protagonistas, intercalando reflexões filosóficas — especialmente sobre a natureza humana — ao longo desse mergulho introspectivo.
Ambos os autores refletem de maneira franca sobre suas próprias falhas morais, admitindo suas baixezas, mediocridades e pecados.
Texto completo aqui:
https://tavernadolugarnenhum.com.br/miscelanea/o-santo-agostinho-que-vive-em-bras-cubas/
Mar 16
Machado de Assis mantém uma relação íntima com Santo Agostinho, e talvez Memórias Póstumas de Brás Cubas seja a obra do cânone literário brasileiro que mais dialoga com Confissões.
A pseudobiografia de Brás Cubas encontra em Agostinho de Hipona diversos paralelos estilísticos e biográficos que merecem ser destacados.
Tanto Confissões quanto Memórias Póstumas de Brás Cubas apresentam uma narrativa em primeira pessoa que explora a vida interior de seus protagonistas, intercalando reflexões filosóficas — especialmente sobre a natureza humana — ao longo desse mergulho introspectivo.
Ambos os autores refletem de maneira franca sobre suas próprias falhas morais, admitindo suas baixezas, mediocridades e pecados.
Texto completo aqui:
https://tavernadolugarnenhum.com.br/miscelanea/o-santo-agostinho-que-vive-em-bras-cubas/
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Místicos em Bal é um filme de horror folclórico indonésio de 1981.
No filme, acompanhamos uma antropóloga americana chamada Cathy, que viaja para Bali para pesquisar sobre magia negra e acaba se tornando discípula de uma bruxa local.
O filme, obviamente, tem suas limitações, não apenas em relação aos efeitos especiais, mas também nas atuações, que são bastante amadoras.
No entanto, nada disso torna o filme menos interessante para mim, especialmente porque ele incorpora muitos elementos do folclore do Sudeste Asiático.
Em particular, o mito do Penanggalan, um espírito feminino noturno com comportamentos vampíricos, que se manifesta na forma grotesca de uma cabeça flutuante com órgãos internos ainda presos e pendurados pelo pescoço.
Na cultura balinesa essa entidade está relacionada às bruxas, que tinham comportamento canibal e eram conhecidas por atacar mulheres grávidas, especialmente aquelas prestes a dar à luz, para sugar o sangue dos recém-nascidos e se manterem jovens.
Mesmo quem nunca leu nada sobre a cultura balinesa pode perceber ali muitos tropos que, eu diria, são quase universais nas religiões.
Mesmo com os tropos similares, Mistik consegue ser único por reforçar os aspectos puramente étnicos e culturais que são inescapáveis até mesmo na construção da narrativa.
Todos sabem que o melhor do horror folclórico é muito conhecido e admirado nos EUA e, principalmente, na Inglaterra.
No entanto, essas sociedades se modernizaram muito e, normalmente, o horror folclórico nesses países assume uma pungência romântica da tensão entre o racionalismo iluminista, o puritanismo protestante e um resgate do catolicismo medievalesco ou do paganismo.
Bali, por sua vez, não foi uma sociedade que se modernizou como os Estados Unidos e a Inglaterra. Logo, sua manifestação folclórica no horror não surge como uma reação, mas como uma manifestação condizente com o “de sempre” daquele lugar, uma expressão orgânica e familiar dos templos de pedra, dos matagais sombrios e dos velhos contadores de histórias de pés descalços.
Tudo evoca a beleza primitiva das religiões paleolíticas: as iniciações de sangue, os objetos sagrados, os sigilos e os rituais secretos.
⭐⭐⭐⭐
Mar 16
Místicos em Bal é um filme de horror folclórico indonésio de 1981.
No filme, acompanhamos uma antropóloga americana chamada Cathy, que viaja para Bali para pesquisar sobre magia negra e acaba se tornando discípula de uma bruxa local.
O filme, obviamente, tem suas limitações, não apenas em relação aos efeitos especiais, mas também nas atuações, que são bastante amadoras.
No entanto, nada disso torna o filme menos interessante para mim, especialmente porque ele incorpora muitos elementos do folclore do Sudeste Asiático.
Em particular, o mito do Penanggalan, um espírito feminino noturno com comportamentos vampíricos, que se manifesta na forma grotesca de uma cabeça flutuante com órgãos internos ainda presos e pendurados pelo pescoço.
Na cultura balinesa essa entidade está relacionada às bruxas, que tinham comportamento canibal e eram conhecidas por atacar mulheres grávidas, especialmente aquelas prestes a dar à luz, para sugar o sangue dos recém-nascidos e se manterem jovens.
Mesmo quem nunca leu nada sobre a cultura balinesa pode perceber ali muitos tropos que, eu diria, são quase universais nas religiões.
Mesmo com os tropos similares, Mistik consegue ser único por reforçar os aspectos puramente étnicos e culturais que são inescapáveis até mesmo na construção da narrativa.
Todos sabem que o melhor do horror folclórico é muito conhecido e admirado nos EUA e, principalmente, na Inglaterra.
No entanto, essas sociedades se modernizaram muito e, normalmente, o horror folclórico nesses países assume uma pungência romântica da tensão entre o racionalismo iluminista, o puritanismo protestante e um resgate do catolicismo medievalesco ou do paganismo.
Bali, por sua vez, não foi uma sociedade que se modernizou como os Estados Unidos e a Inglaterra. Logo, sua manifestação folclórica no horror não surge como uma reação, mas como uma manifestação condizente com o “de sempre” daquele lugar, uma expressão orgânica e familiar dos templos de pedra, dos matagais sombrios e dos velhos contadores de histórias de pés descalços.
Tudo evoca a beleza primitiva das religiões paleolíticas: as iniciações de sangue, os objetos sagrados, os sigilos e os rituais secretos.
⭐⭐⭐⭐
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