Epidemia de Zumbis (no original The Plague of the Zombies) é um filme de terror inglês lançado em 1966 pela Hammer Films.
Neste filme, uma estranha epidemia invade um pequeno vilarejo na Cornualha, que faz com que jovens trabalhadores morram e misteriosamente desapareçam das suas tumbas.
O doutor Thompson, médico da cidade, está desamparado e pede ajuda ao seu professor, James Forbes.
O professor e sua filha Sylvia viajam para o vilarejo e presenciam o fenômeno relatado.
Aém disso, testemunham vários outros eventos macabros na vila.
Nesta vila, as pessoas mortas por essa epidemia parecem voltar a vida e ficam rodeando uma misteriosa área abandonada na cidade, que é de propriedade de um grande aristocrata local – que parece estar diretamente envolvido com esses acontecimentos.
Existe uma certa correspondência desta história com a de Drácula de Bram Stoker.
Podemos identificar aqui os mesmos elementos: a presença de um aristocrata sombrio, uma população local aterroizada por algo que ela não compreende, mulheres jovens hipnotizadas, uma bruma sufocante de terror sobrenatural, um cientista-detetive que tenta desvendar os misterios desfazendo os nós entre religião, superstição, mito e razão.
Trata-se também de um filme que influenciou muito o imaginário dos zumbis no cinema – talvez até mais que “A Noite dos Mortos Vivos” de George Romero, lançado dois anos depois.
Digo isto pois a aparência dos zumbis neste filme é o que podemos chamar de “definitiva” na cultura pop. Foi ele que deu a aparência do zumbi que até hoje nos é reconhecível. A aparência mais copiada e parodiada de todas.
Até mesmo os subtextos políticos, que ficaram muito famosos com George Romero, marcam sua presença aqui.
Se eu dar detalhes sobre o que se desenrola na trama eu certamente vou estragar a experiência de quem ainda não assistiu, mas esse filme revela muitas discussões subcutâneas sobre exploração do trabalho, xenofobia e colonialismo.
Apesar do filme ser datado e estar repleto de cenas que causam um certo humor invonluntário, The Plague of the Zombies não é apenas um dos melhores filmes de zumbis já feitos e também um dos melhores filmes já lançados pela Hammer Films.
O catolicismo-vodu
Antes do George Romero aparecer e revolucionar o subgênero, os “zumbis” eram cadáveres reanimados por meios de rituais de vodu haitiano.
Essa mitologia “afro-gótica” ficou um pouco adormecida no imaginário coletivo e foi reanimada no filme “The Serpent and the Rainbow” do mestre Wes Craven.
Tem uma frase neste filme muito significativa que diz o seguinte: o Haiti é 95% católico e 100% vodu.
É interessante notar como For The Plague of the Zombies, clássico filme inglês de zumbi de 1966, representa isso.
Perceba que o ritual vodu apresentado neste filme guarda muito mais semelhanças com uma celebração eucarística do que com uma celebração vodu em si. Veja a posição das mãos e como elas seguram o objeto em cena. É exatamente a mesma posição que um padre segura uma hóstia.
Percebam que os elementos assustadores que compõe a cena parecem fazer muito mais uma paródia macabra do catolicismo do que uma visão sobre o vodu.
No imaginário anglo-saxão, o catolicismo é uma religião de magos.