“Deathless”, o segundo disco do Necronomidol lançado em 2017, mantém tanto a qualidade quanto a orientação eclética do disco anterior (Nemesis), ainda incluindo elementos da música pop, da música eletrônica e do Post-Black Metal.

As músicas são curtas, sendo que a maior não passa de 5 minutos. No entanto, existem tantas camadas de arranjos diversificados em cada uma que é impossível perceber tudo na primeira audição.

O que mais chama a atenção é a combinação de elementos sombrios e dançantes. As letras são densas e as músicas possuem uma melodia animada, chegando a lembrar um pouco a abordagem do The Cure.

Liricamente, há muitas referências ao lado mais sombrio da mitologia grega que parecem servir como suporte metafórico a uma certa intenção difusa de descontentamento interno.

Duas músicas deste disco, “Keres Thanatoio” e “Nepenthe” (minha favorita), ilustram bem o que quero dizer. A primeira faz referência a divindades femininas associadas à morte violenta e ao destino trágico, parecendo querer dialogar com o tema da inevitabilidade da morte. A segunda música faz referências a uma substância mencionada na Odisseia de Homero, que tem propriedades sedativas e analgésicas, sugerindo a vontade imediata de esquecimento ou alívio da dor emocional.

Todas essas músicas possuem um ritmo pulsante que parece não condizer com a temática, mas o rock gótico, especialmente dos anos 80, tinha essa curiosa junção como propósito. As letras depressivas evocavam introspecção ao mesmo tempo que o ritmo dançante servia para suprimir a vontade de se desligar do mundo (sem cometer suicídio).

Por isso, o fenômeno gótico era particularmente comum em clubes como o Batcave (Londres), Hacienda (Manchester), Kit Kat Club (Berlim), Medusa (Chicago) e Madame Satã (São Paulo).

O Necronomidol acertou o gótico raiz em sua essência.

Enfim, outro disco bastante decente.

Observação: você pode encontrar esse disco com uma outra capa. A imagem que está aí é a versão em vinil.

Assim como no primeiro disco, as capas do Necronomidol são excelentes.

Essa é de um artista francês chamado Pierre Weird.

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