Rigveda
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@wafers3d ...
Yoshiko Sai é a artista que mais gostei de descobrir nos últimos anos e, por uma maldição babélica, também a mais difícil de encontrar informações.
Ela é uma espécie de rainha na cena psicodélica japonesa dos anos 1970, mas nenhum de seus trabalhos parece ter chegado até aqui, nem mesmo em versão "romanjizada". Você pode ouvir seus discos no Spotify procurando por 佐井 好子.
Este é o seu quarto e último álbum, lançado em 2008. O terceiro havia sido lançado 30 anos antes, em 1978.
Ela retornou como se nada tivesse acontecido. Trinta anos são um sopro.
Nesse meio-tempo, Yoshiko aprendeu a pintar — e esta capa linda foi feita por ela mesma.
E continua com aquela voz maravilhosa.
A crítica completa do disco está neste link:
https://tavernadolugarnenhum.com.br/resenha/taklamakan/
Abr 19
Yoshiko Sai é a artista que mais gostei de descobrir nos últimos anos e, por uma maldição babélica, também a mais difícil de encontrar informações.
Ela é uma espécie de rainha na cena psicodélica japonesa dos anos 1970, mas nenhum de seus trabalhos parece ter chegado até aqui, nem mesmo em versão "romanjizada". Você pode ouvir seus discos no Spotify procurando por 佐井 好子.
Este é o seu quarto e último álbum, lançado em 2008. O terceiro havia sido lançado 30 anos antes, em 1978.
Ela retornou como se nada tivesse acontecido. Trinta anos são um sopro.
Nesse meio-tempo, Yoshiko aprendeu a pintar — e esta capa linda foi feita por ela mesma.
E continua com aquela voz maravilhosa.
A crítica completa do disco está neste link:
https://tavernadolugarnenhum.com.br/resenha/taklamakan/
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getsemani [2] ...
getsemani ...
PAIXÃO ...
No primeiro romance de Machado de Assis, Ressurreição, a personagem Lívia encarna a perfeita tradução da musa.
A obra situa-se entre o Romantismo e o Realismo, e é justo que Lívia condense o melhor de ambos os mundos: não o idealismo imaterial e ascético do romântico, nem a vulgaridade cínica do realista.
A mulher real — assim como o homem real — é imaterial e material; é espírito e corpo. E, sendo corpo, pode ser bela ou não. Lívia era bela — e essa é a primeira de suas características essenciais. Importante? Não: essencial. Que me perdoem as menos favorecidas pela natureza, mas, se a graça não lhes bastar, como dizia o velho Olavo, que ao menos a bondade e a simpatia lhes sirvam de substituto.
Em Lívia, o “corpinho apertado” delineava os “contornos delicados e graciosos do busto”; nela, via-se “ondular ligeiramente o seio túrgido” — uma sensualidade “comprimida pelo cetim”.
No entanto, a beleza é uma armadilha para as mulheres bonitas. Não raro, elas reduzem sua identidade a essa única qualidade — como se lhes bastasse. Mas a beleza não apenas perece: antes de fenecer, também enjoa.
Lívia, porém, realçava sua beleza com um “sentimento de modesta consciência de suas graças”, algo que Machado comparava à “tranquilidade da força”. Confiante, mas não cega a ponto de crer que a beleza resolvesse todas as contradições. Nenhum gesto seu revelava “amor próprio”. Não fingia desconhecer seu próprio encanto — isso seria mentira, “coisa do diabo” —, mas acreditava que, “se a natureza se esmerara com ela, era por uma razão de harmonia e ordem nas coisas terrestres”. Afear-se lhe parecia um crime; orgulhar-se, frivolidade.
Afinal, não há mérito em ser bela — apenas sorte. Se o é, que agradeça a Deus.
Mas Lívia não era apenas bela: era jovem e viúva. Experimentara cedo o drama da morte — não como abstração filosófica, não como “existencialismo pedante” capaz de afogá-la em um mar de opiniões e “senso crítico” esterilizante. Sabia que a morte doía e que o tempo atenuava a dor. Consciente do que realmente importava, ainda assim sonhava: queria viajar para a Itália e a Alemanha, ver o Arno e o Reno para, então, redescobrir a Guanabara.
Abr 18
No primeiro romance de Machado de Assis, Ressurreição, a personagem Lívia encarna a perfeita tradução da musa.
A obra situa-se entre o Romantismo e o Realismo, e é justo que Lívia condense o melhor de ambos os mundos: não o idealismo imaterial e ascético do romântico, nem a vulgaridade cínica do realista.
A mulher real — assim como o homem real — é imaterial e material; é espírito e corpo. E, sendo corpo, pode ser bela ou não. Lívia era bela — e essa é a primeira de suas características essenciais. Importante? Não: essencial. Que me perdoem as menos favorecidas pela natureza, mas, se a graça não lhes bastar, como dizia o velho Olavo, que ao menos a bondade e a simpatia lhes sirvam de substituto.
Em Lívia, o “corpinho apertado” delineava os “contornos delicados e graciosos do busto”; nela, via-se “ondular ligeiramente o seio túrgido” — uma sensualidade “comprimida pelo cetim”.
No entanto, a beleza é uma armadilha para as mulheres bonitas. Não raro, elas reduzem sua identidade a essa única qualidade — como se lhes bastasse. Mas a beleza não apenas perece: antes de fenecer, também enjoa.
Lívia, porém, realçava sua beleza com um “sentimento de modesta consciência de suas graças”, algo que Machado comparava à “tranquilidade da força”. Confiante, mas não cega a ponto de crer que a beleza resolvesse todas as contradições. Nenhum gesto seu revelava “amor próprio”. Não fingia desconhecer seu próprio encanto — isso seria mentira, “coisa do diabo” —, mas acreditava que, “se a natureza se esmerara com ela, era por uma razão de harmonia e ordem nas coisas terrestres”. Afear-se lhe parecia um crime; orgulhar-se, frivolidade.
Afinal, não há mérito em ser bela — apenas sorte. Se o é, que agradeça a Deus.
Mas Lívia não era apenas bela: era jovem e viúva. Experimentara cedo o drama da morte — não como abstração filosófica, não como “existencialismo pedante” capaz de afogá-la em um mar de opiniões e “senso crítico” esterilizante. Sabia que a morte doía e que o tempo atenuava a dor. Consciente do que realmente importava, ainda assim sonhava: queria viajar para a Itália e a Alemanha, ver o Arno e o Reno para, então, redescobrir a Guanabara.
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épico ...
DRIP
https://candymakeupartist.com/product/sacred-heart-necklace/
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Fra Angelico - Cristo coroado de espinhos e ornamentado com ouro e sangue. Dramática, violenta e exagerada; do jeito que eu gosto.
Abr 18
Fra Angelico - Cristo coroado de espinhos e ornamentado com ouro e sangue. Dramática, violenta e exagerada; do jeito que eu gosto. ...
After Hours (1985); Unique Martin Scorsese Moment. ...
Os Kukeri são homens que dançam vestidos com trajes elaborados, máscaras de madeira e sinos pesados. Muitos estudiosos remontam essa prática a um antigo ritual de prosperidade que, posteriormente, teria se transformado em um culto trácio a Dionísio.
Há também quem afirme que essa tradição se confunde com as peças Mummer – performances teatrais folclóricas encenadas por trupes de atores amadores.
Na verdade, os Kukeri fazem parte de uma antiga tradição búlgara que passou por sucessivas transformações: começando como ritual pagão, foi depois helenizado, cristianizado, islamizado, re-cristianizado, perseguido durante os regimes comunistas (e depois, “legalizado” e adaptado para festivais oficiais) e, finalmente, retomado, popularizado, nacionalizado e bulgarizado.
Os Kukeri são o exemplo perfeito da conturbada identidade nacional búlgara – uma identidade marcada por conflitos entre cristãos e muçulmanos, eslavos e turcos, nacionalistas e comunistas e, não menos importante, entre tradição e modernidade.
Abr 17
Os Kukeri são homens que dançam vestidos com trajes elaborados, máscaras de madeira e sinos pesados. Muitos estudiosos remontam essa prática a um antigo ritual de prosperidade que, posteriormente, teria se transformado em um culto trácio a Dionísio.
Há também quem afirme que essa tradição se confunde com as peças Mummer – performances teatrais folclóricas encenadas por trupes de atores amadores.
Na verdade, os Kukeri fazem parte de uma antiga tradição búlgara que passou por sucessivas transformações: começando como ritual pagão, foi depois helenizado, cristianizado, islamizado, re-cristianizado, perseguido durante os regimes comunistas (e depois, “legalizado” e adaptado para festivais oficiais) e, finalmente, retomado, popularizado, nacionalizado e bulgarizado.
Os Kukeri são o exemplo perfeito da conturbada identidade nacional búlgara – uma identidade marcada por conflitos entre cristãos e muçulmanos, eslavos e turcos, nacionalistas e comunistas e, não menos importante, entre tradição e modernidade.
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